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Começa a disputa por obra no Rio Madeira

OESP, Economia, p. B4
31 de Dez de 2006

Começa a disputa por obra no Rio Madeira
Camargo Corrêa já criou empresa para o projeto de hidrelétrica do complexo

Renée Pereira

A Camargo Corrêa deu partida à disputa pelo maior projeto de infra-estrutura do Brasil nas últimas décadas, o Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira. A companhia acaba de criar a empresa Amazônia Madeira Energia Ltda. (Amel) para estudar e estruturar o projeto técnico e financeiro do empreendimento - considerado a principal obra para salvar o País de um novo racionamento.

"Já fizemos a comunicação oficial ao governo federal sobre nosso interesse no complexo", afirma o diretor de desenvolvimento de negócios da construtora, Paulo Lago. Ele diz que uma equipe de cerca de 20 pessoas já trabalha no projeto.

O prazo coincide com a data estipulada pelo governo para o leilão da primeira hidrelétrica do complexo, a Usina de Santo Antônio, de 3.150 MW, que vai exigir investimentos da ordem de R$ 11,5 bilhões. A outra unidade, Jirau, deverá ser licitada em 2008 e terá capacidade para produzir 3.300 MW. No total, os dois empreendimentos terão potência instalada de 6.450 MW e investimentos da ordem de R$ 20 bilhões.

Lago afirma que a intenção é montar uma estrutura que permita a parceria com outras companhias privadas, além do governo federal. Mas, mesmo se nenhuma outra empresa se interessar pelo projeto, a Camargo Corrêa está disposta a entrar.

Essa possibilidade fica cada dia mais distante. Além da empresa, outros investidores já demonstraram interesse nas hidrelétricas. A Norberto Odebrecht fez, ao lado de Furnas, os estudos de impacto ambiental do complexo. A construtora já declarou interesse pela obra.

Além das duas empreiteiras, grupos que participam da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia Elétrica (Abiape) já demonstraram interesse. No total, são 11 companhias de grande porte, como Votorantim, Vale do Rio Doce, CSN, Alcoa e Gerdau.

O Complexo do Rio Madeira já chamou atenção até mesmo de empresários russos, que estiveram no País em abril em viagem de negócios. O governo federal também demonstrou que deve ter participação minoritária no empreendimento.

No primeiro projeto, Santo Antônio, 65% do investimento deverão ser financiado, sendo 90% pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e 10% pelo BID, afirma Lago. Outros 10% do valor do projeto virão da geração de caixa da usina no funcionamento das primeiras turbinas e 25% de capital próprio.

Segundo Lago, da Camargo Corrêa, se não ocorrer nenhum contratempo, a primeira turbina da usina de Santo Antônio poderá entrar em operação em quatro anos.

O estudo de viabilidade técnica do complexo, feito pela Odebrecht e por Furnas, foi liberado para consulta apenas em novembro. Lago diz que as informações não são suficientes para que a empresa apresente uma proposta para construção do empreendimento. "Por isso decidimos criar uma empresa que estruturasse nossa participação", diz Lago.

OESP, 31/12/2006, Economia, p. B4

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