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Combate à desnutrição ainda é desafio

Correio do Estado-Campo Grande-MS
03 de Ago de 2003

O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) reconhece que há a necessidade de se ampliar o atendimento ou mesmo desenvolver estudos que possam criar mecanismos eficientes para combater a desnutrição. Quanto aos casos de DST, o crescimento no índice, segundo o órgão, é uma demonstração de que eles estão tendo maior controle sobre a doença, detectando o problema que antes não era revelado pelos pacientes.
O enfermeiro do DSEI Newton Gonçalves de Figueiredo explicou que um dos maiores problemas está relacionado às condições de vida dos indígenas. Os casos de doenças respiratórias, que apresentam maior incidência, ocorrem geralmente pelo fato de as casas não terem divisórias. A maioria dorme no mesmo lugar onde existe um fogão de lenha e a fumaça é inalada constantemente. Segundo ele, o DSEI já tem projeto para a reformulação dessas casas ou das ocas, com a construção de chaminés que possam jogar a fumaça para fora.
A Prefeitura de Dourados também anunciou recentemente a construção de mil residências na Reserva Indígena local, como forma de melhorar as condições de vida dos índios. As casas seriam construídas com materiais ecológicos, cujo projeto já foi aprovado pelo Governo federal e poderá servir de modelo não só para outras aldeias do Brasil, como também para famílias de baixa renda.
Em relação aos casos de doenças sexualmente transmissíveis, o enfermeiro explicou que na verdade não estaria havendo crescimento no número de pessoas que contraíram a doença mas, sim, aumentaram as notificações. Newton de Figueiredo lembrou que, antes do trabalho intensivo dos agentes de saúde, as pessoas com qualquer tipo de DST não procuravam os médicos e o problema não era detectado. Hoje ele explica que com uma ação mais efetiva, principalmente nas mulheres, essas doenças já são diagnosticadas durante o pré-natal.
Sobre a desnutrição, Cynthia Sayura Naito, nutricionista do distrito, informou que já existem diversas parcerias para atendimento nessa área. Entre elas Estado e município, Pastoral da Criança e até mesmo empresários. O Sopão, que é servido na Aldeia Bororo, uma das mais carentes, existe através da parceria com comerciantes da cidade que fazem a doação dos produtos necessários. Os próprios índios, acompanhados de uma profissional, preparam o alimento, que é servido para aqueles que estiverem interessados.
Além do sopão, da cesta básica entregue pelo Programa de Segurança Alimentar e o Programa de Multimistura, a expectativa agora é em torno dos recursos previstos pelo Fome Zero que, segundo ela, pretende reduzir significativamente os problemas de desnutrição e, consequentemente, de várias doenças provocadas pela falta de alimentação. Em relação às crianças especialmente, Cynthia Naito disse que já existe projeto de revitalização do Centro de Recuperação de Desnutridos, antigo hospital de tuberculose, reserva de Dourados. O centro está em funcionamento, mas não atende a demanda.

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