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Com promessa de meta contra desmate, Brasil chega fortalecido para conferência

FSP, Ciência, p. A13
01 de Dez de 2008

Com promessa de meta contra desmate, Brasil chega fortalecido para conferência

A proteção das florestas tropicais como forma de conter as emissões de CO2 estará entre os principais temas em discussão em Poznan, e o Brasil chega preparado para ser um dos líderes nesse debate. Uma das propostas defendidas pelo país será a de que a redução do desmatamento seja contabilizada no esforço de mitigação de países em desenvolvimento e que as nações ricas os apóiem com tecnologia e financiamento.
O Brasil chega ao encontro bem municiado para esse debate. Depois de divulgar que o desmatamento na Amazônia ficou estável em relação ao ano anterior, o governo apresenta hoje o Plano Nacional de Mudança Climática, que prevê uma meta redução de de 40% na taxa de desmatamento entre 2006 e 2010, em relação à média do período 1996-2005.
Segundo o diplomata Luiz Alberto Fiqueiredo Machado, brasileiro que preside o grupo que negocia o acordo pós-Kyoto, a área de florestas é uma das que possui maior consenso até agora. Ele elaborou o documento que irá orientar as discussões em Poznan -o texto será aperfeiçoado no decorrer do encontro e deve servir de base para um primeiro esboço daquilo que será decidido em Copenhague, em 2009.
O governo brasileiro era bastante criticado por não querer assumir metas internas. O Brasil e outros países em desenvolvimento são desobrigados de reduções compulsórias de suas emissões pelo acordo de Kyoto, mas têm sido pressionados pelas nações ricas a adotá-las.
No caso do Brasil, o desmatamento responde por mais de 70% das emissões de gases-estufa. A adoção de meta mensurável, reportável e verificável de redução no desmate será a maior contribuição do país no combate à crise do clima, e diplomatas brasileiros esperam ganhar argumentos para cobrar de nações ricas o financiamento à sua política de clima.
A conferência fará uma revisão do Protocolo de Kyoto e avaliará em que medida é possível ampliar o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), através do qual países industrializados investem em projetos ambientais nos países pobres em troca de créditos de carbono. O esquema, hoje, não inclui a proteção de florestas como valor negociável.
O governo brasileiro, porém, quer mesmo que o desmatamento evitado seja contemplado num mecanismo distinto do MDL. Segundo analistas também contrários à medida, a inclusão de florestas no MDL derrubaria a cotação de mercado do carbono e atrapalharia a adoção de metas. (AFRA BALAZINA)

FSP, 01/12/2008, Ciência, p. A13

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