VOLTAR

Com poucos recursos e escassez de pessoal, Ibama enfrentaf asfixia'

Valor Econômico, Brasil, p. A2
23 de Out de 2018

Com poucos recursos e escassez de pessoal, Ibama enfrentaf asfixia'

Daniela Chiaretti | De São Paulo

A situação atual do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é de fragilidade com forte escassez de pessoal. Para agravar o quadro do órgão, alvo de críticas do candidato à Presidência Jair Bolsonaro, do PSL, fiscais vêm sofrendo ameaças e o patrimônio público está sendo atacado.
Na noite de sábado, em Buritis, Rondônia, um homem incendiou três dos dez carros do Ibama estacionados em frente a um hotel onde fiscais estavam alojados. A equipe iria sair para uma operação de combate ao desmatamento ilegal quando ocorreu o atentado. Enquanto o fogo se alastrava, outro homem incitava a população a queimar as outras sete caminhonetes do órgão. Os dois homens foram presos.
O Ibama acionou o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM de Rondônia e pediu reforço da Força Nacional. Suely Araújo, presidente do Ibama, disse em nota que as operações de combate ao desmatamento ilegal na região serão intensificadas.
Em julho de 2017, um caminhão-cegonha foi parado na BR-163, na divisa de Pará e Mato Grosso, e oito carros que renovariam a frota do Ibama em Novo Progresso (PA) foram queimados. As operações do Ibama eram constantes na região e o desmatamento caiu 54%. Três meses depois, a sede do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em Humaitá (AM) foram destruídas, além de quatro carros. Ali o empenho era em operações de combate a garimpos ilegais no rio Madeira. Foram presas 28 pessoas, inclusive o prefeito de Humaitá, Herivaneo Vieira de Oliveira. Equipes do ICMBio também vêm sendo algo de ataques.
Há mais de dois anos o Ibama luta com a falta de recursos. "O órgão vai ser asfixiado. Vão fechar o Ibama esgotando sua capacidade de trabalho", diz um alto funcionário do governo.
"O Ibama tem atuado com uma força de trabalho claramente aquém da necessária", disse ao Valor a presidente Suely Araújo.
A autarquia do Ministério do Meio Ambiente tem 3.150 funcionários ativos mais 1.400 brigadistas de combate a incêndio com contratos temporários. Está longe de ser suficiente. Só em análise de processos de licenciamento, o órgão tem 2.800 processos, sendo 60 de grande porte. Há somente 300 analistas ambientais na sede.
A partir de janeiro, o Ibama corre o risco de perder 756 funcionários que podem optar pela aposentadoria. "Com esse quadro, teremos dificuldades evidentes para cumprir nossas missões institucionais, que abrangem um amplo e complexo conjunto de temas", diz Suely. "Temos enfatizado a necessidade e a urgência do concurso."
O Ibama tem hoje 27 superintendências e 70 escritórios - a atual gestão teve que fechar 70 escritórios porque não havia recursos para mantê-los. O último concurso foi em 2009. Há um novo pedido, para 1.630 vagas, pronto no Ministério do Planejamento. "Só falta a canetada", diz uma fonte.
"Não há previsão de autorizações de concursos em 2019", disse a assessoria do Ministério do Planejamento. Nem para 2018.0 ministério "poderá conceder novas autorizações, mas em caráter excepcional, por medida de absoluta necessidade da administração e desde que asseguradas as condições orçamentárias". (Colaborou Fabio Graner, de Brasília)

Valor Econômico, 23/10/2018, Brasil, p. A2

https://www.valor.com.br/brasil/5942345/com-poucos-recursos-e-escassez-…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.