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Com a Lei de Biosseguranca, surgem os novos transgenicos

OESP, Negocios, p.B19
15 de Abr de 2005

Com a Lei de Biossegurança, surgem os novos transgênicos
CTNBio já analisa milho resistente a insetos, arroz imune a herbicidas e soja com ácido oléico
Renato Stancato
A promulgação da Lei de Biossegurança está fazendo as empresas de sementes tirarem da gaveta seus projetos para lançamento de novos transgênicos. Dentro de dois anos, é possível que a soja transgênica resistente ao herbicida glifosato deixe de ser a única opção de cultivo de produto agrícola geneticamente modificado.
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) já aprovou dois produtos para plantio comercial: a soja resistente a glifosato e o algodão resistente ao ataque de lagartas, ambos da empresa Monsanto. No caso do algodão, ainda faltam os registros da variedade nos termos da Lei de Sementes. Assim, apenas as sementes de soja podem ser vendidas comercialmente na safra 2005/06.
Estão na mesa da CTNBio, para aprovação comercial, quatro tipos de milho resistente a insetos, três tipos de milho resistente a herbicida, dois tipos de algodão resistente a herbicida, um tipo de arroz resistente a herbicida e um tipo de mam alto teor de ácido oléico.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes e Mudas (Abrasem), Ywao Miyamoto, o impacto da entrada dos transgênicos será limitado nesta primeira safra. "Como só vai haver a soja modificada, não haverá grande mudança no faturainento do setor", diz. Segundo Miyamoto, o valor do mercado de sementes foi de R$ 4,5 bilhões no ano passado (2004/05). "Este ano, é possível que chegue a R$ 5 bilhões, mas o peso dos transgênicos será pequeno no resultado."
A Monsanto, detentora da patente da soja "Roundup Ready" (resistente ao herbicida glifosato), ainda não arrisca uma projeção. Segundo seu diretor de comunicações, Lúcio Mocsányi, a empresa ainda não tem uma estimativa da oferta de sementes de soja transgênica na safra 2005/06. Além de comercializar sementes com sua própria marca, a Monsanto licenciou a tecnologia para outras empresas de sementes, como a Coodetec e a Embrapa. Segundo Mocsányi, a prática será mantida.
Já a cobrança pelo uso da tecnologia "Roundup Ready" deverá ser feita de duas formas. "Acreditamos que teremos no Brasil a cobrança de indenização por uso não-autorizado no grão salvo e royalties nas sementes, quando estiverem sendo comercializadas. Evidentemente, o pagamento será feito só uma vez, na semente ou no grão, através de uma comprovação da aquisição legal da semente, quando for o caso", diz Mocsányi.
Filão
Além da própria Monsanto, umas das multinacionais que pretende explorar o filão da biotecnologia é a Bayer Cropscience. Segundo Marc Reichardt, presidente da empresa no Brasil, devem ser lançadas sementes/transgênicas de arroz e algodão dentro de dois anos. "Nos dois casos, serão produtos modificados para ter resistência a herbicidas e a insetos", explicou o executivo.
Apesar de os primeiros lançamentos transgênicos da Bayer no Brasil serem voltados para o combate às pragas, a empresa não acredita que -este segmento seja promissor. "Em 10 anos de mercado para transgênicos, só descobriram basicamente produtos resistentes ao herbicida glifosato e de tipo BT (inseticida natural)", afirma. "Acreditamos que não haja mais muito que descobrir." Segundo Reichardt, a grande capacidade de transformação das pragas limita a vantagem dessa estratégia. "É só olhar o caso da ferrugem asiática da soja, que está apresentando grande variação de tipo de ano a ano e de região a região", afirma.
Por conta disso, o presidente da Bayer Cropscience no Brasil explica que a empresa está investindo em modificações genéticas que tragam vantagens ao consumidor final. "A idéia é produzir alimentos com maior teor de proteína ou vitaminas, por exemplo." Mas os estudos ainda estão em fase preliminar.

OESP, 15/04/2005, p. B19

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