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Com a câmera no mundo

O Tempo - http://www.otempo.com.br
18 de Abr de 2016

É com a cara e a coragem que Charles Bicalho, criador e curador da Mostra Pajé de Filmes Indígenas diz ter chegado à quinta edição do evento, que, coincidente e propositalmente, chega ao Cine Sesc Palladium na Semana do Índio.

Deste terça até domingo, o público terá a oportunidade de assistir a 46 filmes, entre longas, médias e curtas-metragens. Todos de autoria estritamente indígena ou de diretores que, não indígenas, tenham se inspirado na cultura e/ou na realidade destes povos.

Nos seis dias de programação, com quatro sessões diárias, ainda haverá o lançamento de "Konãgxeka: O Dilúvio Maxakali", primeira animação de temática indígena feita pelo diretor mineiro Isael Maxakali, que vive em Aldeia Verde, no município de Ladainha, no Norte de Minas.

"Trata-se do cineasta indígena mais prolífico do Estado", afirma Charles Bicalho. Segundo o curador da mostra, há pelo menos 20 diretores indígenas em atividade no Brasil, incluindo Takumã Kuikuro, que vive no Xingu, em Mato Grosso.

Dirigido e roteirizado por Kuikuro, o documentário "Ete Londres", que revela a capital inglesa como uma aldeia, também será exibido na Mostra Pajé, que é composta de três eixos temáticos: Mostra Geral, Animações Indígenas e Retrospectiva Isael Maxakali.

Durante os seis dias do evento haverá a exibição de filmes da Argentina, Bélgica, Canadá, Chile, Estados Unidos, México e Rússia, além do Brasil.

A Retrospectiva Isael Maxakali abrangerá desde o primeiro filme ("Tatakox") do indígena mineiro até as suas mais recentes produções. Ao todo, serão exibidos sete filmes dele, incluindo o lançamento da animação "Konãgxeka: O Dilúvio Maxakali", produzida a partir da aprovação no Edital Filme em Minas 2015.

Graduado pela UFMG em Educação Intercultural Indígena, Isael é professor em sua aldeia, onde, paralelamente, também faz cinema. Foi nas aulas de vídeo, que teve na universidade, que o indígena se apaixonou pela sétima arte, intensificando, desde então, a sua produção audiovisual. Paralelamente, o indígena mineiro é sócio do curador da mostra, Charles Bicalho, na produtora Pajé Filmes.

Como lembra Charles, a produção cinematográfica indígena geralmente se manifesta através de documentários cuja temática é referente a reivindicações de demarcação de terras ou a tradições, como os rituais.

No Brasil, de acordo com o curador da mostra de cinema, há pelo menos 900 mil indígenas oficialmente reconhecidos como povos, oito dos quais vivem em Minas Gerais: Krenak, Pataxó, Xacribá, Xucuru Kariri, Caxixó, Pancararu e Arana, além dos Maxakali. Os indígenas mais próximos da capital são os pataxós, que vivem no município de Carmésia, na região Centro-oeste do Estado.

Graças à parceria da Pajé Filmes com a Associação Indígena Aldeia Maracanã, a 5ª Mostra Pajé de Filmes Indígenas também será exibida no Museu da Justiça e no Parque Laje, do Rio de Janeiro, desta terça até o feriado de 21 de abril.

Além das 15 produções selecionadas entre as dezenas de inscritas para participar do evento, outros 31 filmes foram convidados pela curadoria para participarem da mostra.

Orçado em R$ 5.000, o evento foi viabilizado apenas depois do oferecimento da sala de exibição do Sesc Palladium, reservando os recursos para o pagamento das peças gráficas. Museu do Índio, Escola de Design da UEMG e Associação Filmes de Quintal são os outros apoiadores.

Já inscrita na Lei Municipal de Incentivo à Cultura, a próxima edição da mostra, de acordo com Charles Bicalho, só será viabilizada se tiver o projeto aprovado. "Se não aprovar, eu não faço. É muito estresse para fazer o evento", conclui o curador da mostra.

Até então realizada anualmente, a partir de agora a Mostra Pajé de Filmes Indígenas poderá adotar o formato de bienal, para compensar a carência de recursos.

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