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Com apoio da Casa Civil, decreto propõe reduzir poder da CTNBio

OESP, Vida, p. A21
19 de Mar de 2010

Com apoio da Casa Civil, decreto propõe reduzir poder da CTNBio
Texto de 2006 pode ser alterado para permitir plantio de transgênicos próximo a áreas de conservação ambiental

Lígia Formenti
Brasília

Patrocinado pela Casa Civil em aliança com o Ministério da Agricultura, um decreto com regras para plantio de transgênicos perto de unidades de conservação ameaça reduzir o poder da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
A última versão do texto, em discussão na Casa Civil, suprime um artigo da norma em vigor que permite ao colegiado alterar os limites do plantio de transgênicos nessas áreas. O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), ao qual a CTNBio está ligada, não foi ouvido.
"Isso é passar por cima da Lei de Biossegurança", disse o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCT, Luiz Antonio de Castro, que diz não ter recebido resposta da Casa Civil.
Ontem, Barreto afirmou ter sugerido ao titular da pasta, ministro Sérgio Rezende, que levasse o assunto ao Conselho Nacional de Biossegurança, órgão máximo sobre o assunto. "Espero que sejamos ouvidos e que isso seja alterado. A lei de biossegurança deixa claro que assuntos técnicos têm de ser resolvidos pelo colegiado. Não por um decreto", afirmou o presidente da CTNBio, Edilson Paiva.
A discussão tem como ponto de partida o decreto que estabelece limites para transgênicos em áreas próximas de unidade de conservação. Redigido em 2006, estabelece limites para a soja tolerante a herbicida e a duas espécies de algodão - os transgênicos que então estavam no mercado. Como várias liberações comerciais foram feitas, o decreto teve alcance limitado.
A briga, portanto, não é travada entre defensores e críticos dos transgênicos. O nó deve-se ao escanteio do órgão técnico no processo de decisão, no caso a CTNBio. Para setores contrários a transgênicos, a exclusão da CTNBio abre uma brecha para futuras limitações de plantio. A Casa Civil foi procurada para falar sobre o assunto, mas não se manifestou.

OESP, 19/03/2010, Vida, p. A21

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