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Colonos denunciam invasão de assentamento por indígenas

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
15 de Abr de 2005

Colonos do projeto de assentamento Truaru denunciaram ontem à Folha a invasão da área por indígenas da região da Serra da Moça, que são ligados ao Conselho Indígena de Roraima (CIR). A região invadida é ocupada por 70 famílias assentadas pelo Incra. Trinta famílias estão em fase de assentamento pelo órgão federal. Os índios alegam que a região já fora ocupada por seus antepassados e que eles têm direito de permanecer no local.
O presidente da Associação dos Produtores Rurais do Norte de Roraima (Apronor), Ricardo José Ferreira de Brito, afirma que a situação é preocupante. Ele teme que haja acirramento de ânimos por causa da invasão dos indígenas.
Outro líder sindical rural, Antônio Ailton da Silva, presidente da Central dos Assentados de Roraima (CAR), afirmou que a área já havia sido alvo de invasão por índios das comunidades localizadas nas proximidades do rio Uiraricoera, no ano passado. A situação foi resolvida com um acordo entre colonos e indígenas, a partir de intermediação do Ministério Público Federal.
Ricardo José afirmou que os índios se instalaram dentro do projeto de assentamento Truaru, edificaram barracos e colocaram seu gado para pastar dentro da antiga Fazenda Bamerindus, do qual faz parte o projeto de assentamento.
O agricultor disse não ser verdadeira a afirmação dos índios de que a área correspondente ao projeto de assentamento faz parte da reserva onde estão inseridos. "O Incra não seria irresponsável de criar um projeto de assentamento voltado para a reforma agrária dentro de uma reserva indígena", comentou.
O presidente da Apronor disse já ter comunicado a situação à superintendência regional do Incra para que os indígenas sejam retirados do local. Ele teme represália por causa da decisão dos colonos de solicitarem das autoridades a retirada dos indígenas do local. Isso porque muitos dos assentados entram no projeto de assentamento pela região da Serra da Moça para encurtar distância.
No entanto, não reluta em dizer que a invasão dos indígenas é um caso de quebra da ordem pública. "Entendo que estão querendo insuflar um conflito na região e temo que haja derramamento de sangue", disse. "Mas o que nós queremos é parceria para produção e paz para a convivência".
Por sua vez, Antônio Ailton afirmou que vai ratificar a notificação e solicitar da Polícia Federal para que aja no sentido de convencer os indígenas a deixarem o projeto de assentamento. Ele entende que o Incra tem que exigir a retirada dos invasores, pois a área é voltada para projetos de assentamento desde quando ainda se tratava de uma propriedade privada em poder do Banco Bamerindus. "Nós, da Central dos Assentados, vamos lutar para que toda aquela área continue destinada a projetos de assentamento e reforma agrária", disse.

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