VOLTAR

Clima precisará de US$ 10,5 tri até 2030

O Globo, Ciência, p. 33
11 de Nov de 2009

Clima precisará de US$ 10,5 tri até 2030
Investimentos vão garantir que temperatura não cresça mais de 2 graus Celsius

Conter o aquecimento global e suas consequências vai sair caro. O mundo terá de investir US$ 10,5 trilhões no setor energético até 2030, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), para que a temperatura do planeta não suba mais do que 2 graus Celsius.

A conta faz parte do relatório anual World Energy Outlook (em tradução livre, "Panorama da Energia Mundial"), apresentado ontem em Londres.

A divulgação do documento foi interpretada como um sinal de alerta para a comunidade mundial. Se o impasse entre países ricos e pobres continuar, sem que cada um defina como limitará as emissões de gases do efeito estufa, os investimentos serão ainda maiores. A cada ano sem acordo, o preço aumenta em US$ 500 bilhões, alertou a AIE.

Daqui a alguns anos, no entanto, será impossível cumprir a meta e limitar o aumento da temperatura em até 2 graus. Se os termômetros marcarem além deste índice, as mudanças climáticas podem ser imprevisíveis, de acordo com especialistas.

- O relatório exige cautela dos países, mas, ao mesmo tempo, dá razões para que fiquem otimistas - resume o diretorexecutivo da AIE, Nobuo Tanaka. - Cautela, porque as políticas energéticas aplicadas hoje podem fazer com que a temperatura global aumente em mais de 6 graus, o que significa um risco para todo o planeta.

E otimismo, por apontar soluções financeiramente viáveis para encararmos as mudanças climáticas indesejáveis.

O aumento dramático na temperatura deve-se às projeções da quantidade de gasesestufa emitidos nos próximos anos. A AIE estima que, em 2030, 40 bilhões de toneladas de CO2 serão emitidas em todo mundo - o dobro do registrado em 1990.

Segundo a agência internacional, a "janela para ações" contra os gases que provocam o efeito estufa "torna-se mais estreita a cada ano". Já o preço para adaptar o sistema energético é ampliado conforme o tempo passa.

A agência internacional manifestou preocupação com um eventual fracasso da conferência promovida pela ONU em Copenhague, no mês que vem. A falta de velocidade dos governos, no entanto, é considerada um "ingrediente crítico" pelo relatório: "A salvação do planeta não pode esperar", alerta.

"Os países participantes da conferência não devem se esquecer disso".

Brasil será o terceiro país com maior crescimento na produção de petróleo Pela primeira vez desde 1981, o relatório da AIE afirma que, no fim do ano, o consumo global de energia cairá em relação ao registrado em janeiro. A queda devese à crise econômica, considerada pela agência como "a mais grave desde a Segunda Guerra Mundial".

Um efeito positivo da crise foi diminuir as emissões de gases-estufa. O consumo energético, no entanto, deve aumentar novamente em 2010. Entre 2007 e 2030, o aumento será de 1,5% - até o fim do período, portanto, chegará a 40%.

O crescimento será puxado por países asiáticos, principalmente China e Índia, além de nações do Oriente Médio. A China, inclusive, deverá ultrapassar os EUA em 2025 como o maior importador de gás e petróleo.

Como o país gera cerca de 40% de sua eletricidade com carvão, a agência alerta que esse modelo de produção levará ao aumento das emissões de CO2.

Embora o petróleo continue como a principal fonte de energia mundial até 2030, sua participação sofrerá uma tímida diminuição neste período - em vez de 34%, responderá por 30% das fontes de energia. A demanda por petróleo, segundo a AIE, aumentará 1% por ano, mesmo sendo cada vez menos solicitado entre os países desenvolvidos, que vão aderir aos poucos às fontes renováveis.

O Brasil, com as descobertas das novas reservas petrolíferas na camada présal, pode assumir o terceiro lugar no ranking dos países onde aumentará a produção de combustíveis fósseis. Este crescimento será de 2,9% entre 2008 e 2030, ficando atrás apenas do Iraque (4,8%) e do Canadá (5,4%). O Iraque lidera graças à exploração de reservas já conhecidas.

Os Estados Unidos também já haviam previsto crescimento semelhante ao divulgado.

O Globo, 11/11/2009, Ciência, p. 33

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.