OESP, Vida, p.A16
17 de Dez de 2004
Clima: países ricos e pobres discordam
Disputa é sobre as responsabilidades no combate ao aquecimento global
Herton Escobar
A discussão de metas de redução de emissões para os países em desenvolvimento continuou a dominar as negociações ontem na Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática, em Buenos Aires. A angústia dos sete anos de espera pela ratificação do Protocolo de Kyoto está sendo substituída pela disputa entre ricos e pobres sobre as responsabilidades de cada um no combate ao aquecimento global.
O protocolo entrará em vigor dentro de dois meses e, com as regras já definidas para o primeiro período de vigência (até 2012), as atenções agora voltam-se para a segunda rodada de compromissos. A União Européia quer que o assunto seja discutido em 2005, dentro de um seminário proposto pela Argentina. Representantes dos países em desenvolvimento, porém, querem que o seminário sirva só para a troca de idéias. Diplomatas brasileiros já avisaram que o princípio de responsabilidades acertado na Convenção do Clima - que isenta os países em desenvolvimento - é inegociável. "Caso contrário teríamos de rever toda a convenção", disse o negociador chefe do Brasil em Buenos Aires, Everton Vargas.
Adaptação
Outro tema que divide ricos e pobres na conferência é o da necessidade de adaptação às mudanças climáticas. Ou, mais especificamente, da necessidade de um mecanismo internacional de transferência de recursos e tecnologias para que essa adaptação possa ocorrer - principalmente nos países menos desenvolvidos. "Não fomos nós que criamos essa situação; não deveríamos ser nós a ter de pagar o preço", disse o ministro de Bangladesh, Jafrul Islam Chowdhury. Ele ressaltou que o país é um dos menores emissores de gases do efeito estufa, mas é um dos que mais têm a perder: só este ano, inundações recordes este ano mataram mais de mil pessoas no país.
OESP, 17/12/2004, p. A16
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