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Clima engole sapos

O Globo, Planeta Terra, p. 3
22 de Nov de 2011

Clima engole sapos
Aquecimento global, uso das terras e fungo ameaçam
anfíbios, revela pesquisa

A população de anfíbios está em declínio em todo o mundo e sua queda é muito superior à de outros grupos de animais. Mais de 30% de suas subespécies estão listadas como ameaçadas, de acordo com a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Múltiplos fatores ameaçam a diversidade global de anfíbios.
E o impacto pode ser ainda maior.
Estudo publicado recentemente por Christian Hof na revista "Nature" mostra que as áreas de maior incidência destes animais deverão sofrer com as mudanças climáticas. Além disso, o uso da terra pelo homem muda o comportamento da doença provocada pelo fungo chytridiomycosis. Christian Hof e equipe estimaram que ambas as ameaças ocorrem em áreas diferentes, aumentando o risco para sapos, seja pelo aquecimento global ou pela doença do fungo.
- As regiões onde o clima e uso da terra têm o maior impacto previsto sobre os anfíbios tendem a sobrepor-se - diz o pesquisador. - Porém, a ameaça representada pela doença fúngica mostra pouca sobreposição espacial com as outras duas ameaças.
A pesquisa acerca dos anfíbios contou ainda com a participação do professor Carsten Rahbek, do Centro de Macroecologia, Evolução e Clima da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, em conjunto com o professor Miguel B. Araújo, do Conselho Espanhol de Pesquisas, do Museu Nacional de Ciências Naturais, em Madri, Espanha. O professor associado da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, Walter Jetz, colaborou com o trabalho.
Os pesquisadores descobriram também que justamente as áreas de maior diversidade de sapos serão as ameaçadas, seja pelo fungo, pelas mudanças climáticas ou uso da terra pelo homem. Os locais em que há menos variedade de anfíbios sofrerão menos com o aquecimento global.
- Nosso estudo mostra que mais de dois terços dos locais com maior diversidade de anfíbios provavelmente serão fortemente afetados por pelo menos uma das três ameaças consideradas - afirma Miguel Araújo, do Conselho Espanhol de Pesquisas.

O Globo, 22/11/2011, Planeta Terra, p. 3

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