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Clima é tenso em fazenda ocupada por indígenas

Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Silvia Frias
27 de Mar de 2003

Impasse entre produtores rurais e índios terenas que invadiram quatro propriedades rurais em Dois Irmãos do Buriti, município distante 98 quilômetros de Campo Grande, já dura 34 dias sem solução judicial. Acusações mútuas de desrespeito e a existência de armas, brancas e de fogo, acirram a disputa entre os dois lados, que não abrem mão de área total de 1,3 mil hectares.
Desde o dia 22 de fevereiro, nove famílias dos funcionários das fazendas Buriti, São Sebastião, Sabiá e Nossa Senhora Aparecida estão acampadas às margens da estrada que dá acesso às propriedades rurais, localizadas a 26 quilômetros do perímetro urbano de Dois Irmãos do Buriti. É o caso de João Quirino dos Santos, que está em barraco de lona com dois filhos e a esposa. Para dormir, usam apenas colchão de casal. "Estou sobrevivendo com ajuda dos outros, é difícil", disse. O produtor Sérgio Albuquerque Moura mostra a escritura da Fazenda São Sebastião, adquirida em 1942. Meris Pároco Rosas, que mora na Fazenda Buriti, mostra-se revoltada com a situação. "Estão usando nossas roupas, nossas casas e nós aqui, pedindo ajuda a parentes, pois saímos só com a roupa do corpo", contou.

Direitos
Cerca de 180 famílias terenas ocuparam área de 403 hectares da Fazenda Buriti. Durante dois dias, as 15 famílias dos proprietários rurais e funcionários ficaram com os índios, até que foram expulsas.
O vice-cacique Odílio Rodrigues alega que as terras pertencem à etnia, baseado em relatório da Fundação Nacional do Índio. Atualmente, os índios estão cuidando do plantio da safrinha de milho e feijão e Odílio alega que estão usando apenas a Buriti, embora exista uma família terena na Fazenda São Sebastião. Alguns estão armados com flechas, lanças e um deles portava arma de fogo. Os fazendeiros dizem que perderam plantio de milho, soja e tomate, mas os índios rebatem alegando que não usaram o produto, e que havia apenas "refugo de abóbora". O produtor Ademir Rosas contesta, dizendo que a colheita foi vendida na Ceasa.

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