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CIR diz ter poucas conquistas a comemorar no Dia do Índio

Folha de Boa Vista-RR
18 de Abr de 2002

Para o vice-coordenador do CIR (Conselho Indígena de Roraima), Norberto Cruz da Silva, os povos indígenas do Estado têm poucas conquistas para comemorar amanhã. Segundo ele, a falta de apoio do governo e da bancada parlamentar que "trabalha contra os índios, principalmente com relação à garantia das demarcações das terras e direitos indígenas", é o que impede o avanço da luta indígena.
Norberto Cruz atribui as pequenas conquistas alcançadas até o momento ao esforço dos próprios índios que têm buscado estruturar e articular cada vez mais suas bases. "Esse é um avanço na luta indígena porque sem ter apoio de ninguém continuamos lutando pelos nossos direitos", reforçou.
A regularização das terras e a mudança de comportamento por parte de algumas pessoas da sociedade roraimense - que ainda têm um posicionamento contrário às causas consideradas importantes pelos índios - continuam sendo os pontos cruciais que precisam ser conquistados pelos indígenas do Estado, conforme a avaliação de Norberto.
Segundo ele, enquanto as terras não estiverem regularizadas, os conflitos entre índios e não-índios irão continuar. "Quem mora nas terras indígenas alimenta a esperança de continuar, e os índios resistem para que saiam. Nesse conflito não ganha ninguém, a não ser o governo, que não tem compromisso nem com um nem com outro e que se favorece dessa situação de disputa", analisou.
NÚMEROS - Ao todo, são 32 terras indígenas no Estado, sendo que as regularizadas são a Yanomami, São Marcos e algumas terras pequenas. A maioria, pouco mais de 20, segundo o CIR, ainda não está com o processo demarcatório concluído. Além das comunidades que se encontram nas terras demarcadas em ilhas que reivindicam o direito de ampliação das áreas.
Segundo o vice-coordenador do CIR, outra conquista dos povos indígenas é no sentido de conseguir um representante maior do Estado para que apóie as questões e esteja sempre disposto a lutar pelas causas, especialmente no sentido de mudar a concepção que a sociedade tem com relação ao índio.
Questionado se a recém-criada Secretaria do Índio não poderia ser essa representação almejada pelos índios, Norberto Cruz disse que no momento não tem como acreditar nessa possibilidade, porque o órgão foi criado sem ao menos ser discutido com as populações indígenas.
"Só dá para acreditar que a secretaria é séria se sobreviver até o próximo ano. Porque se sabe que os votos dos indígenas representam 9% do eleitorado do Estado, o que pode ser determinante numa eleição. Por isso a preocupação de se ter o órgão sendo uma secretaria para o índio, e não uma secretaria do índio", criticou

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