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CIR atribui ataques ao prefeito de Pacaraima

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: EDILSON RODRIGUES
19 de Set de 2005

O coordenador do CIR (Conselho Indígena de Roraima), Marinaldo Justino Trajano, afirmou, ontem, que existem fortes indícios de que o ataque na madrugada de sábado ao Centro de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol (antiga Missão Surumu) foi, supostamente, coordenado pelo prefeito e pelo vice-prefeito de Pacaraima, Paulo Cesar Quartiero e Anísio Pedrosa Filho, respectivamente, e pelo vereador do município e tuxaua da aldeia Contão, Genivaldo Macuxi.
"Estive ontem (sábado) na missão e moradores me disseram que o prefeito e o vice-prefeito de Pacaraima estiveram andando por lá dias antes ao incidente", afirmou Trajano.
Nas mesmas conversas com os moradores, o coordenador do CIR disse, ainda, que ouviu falar da passagem de Anísio Pedrosa Filho nas Vilas do Mutum e Socó, Caju, Água Fria. "Com certeza ele estava chamando as pessoas para participar da ação", comentou Trajano.
Para ele, o grupo que fez isso é o mesmo que participou de outras ações passadas, como a invasão e depredação da, também, Missão Surumu, em 2004, supostamente comandadas por Quartiero, assim como o seqüestro de três missionários.
O coordenador do CIR esclareceu que tem outros meios para resolver essa questão, que não seja a violência. Conforme Trajano, a impunidade contribui para que esse grupo venha praticando ações dessa natureza, tanto é que a Polícia Federal indiciou arrozeiros e líderes indígenas e até hoje ninguém foi punido.
A Folha tentou entrar em contato por telefone celular com o prefeito de Pacaraima, Paulo Cesar Quartiero, mas a chamada não foi atendida.
O ATAQUE - Pelas informações do CIR, foram, aproximadamente, 150 homens encapuzados, entre índios e não índios, armados com revólveres, espingardas, facões e pedaços de pau que, na madrugada de sábado, invadiram e tocaram fogo no Centro de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol, a cerca de 230 quilômetros de Boa Vista.
No ataque as instalações do centro foram destruídas: igreja, dormitórios, hospital, refeitórios, biblioteca e alojamentos, além de terem roubado dinheiro, televisores, computadores e alimentos.
Durante a invasão, o professor Júlio Pinto, que ministra curso profissionalizante pelo Senai, entidade parceira do centro, foi agredido fisicamente. Ele contou à reportagem que não viu o rosto dos homens porque, além de ser noite, todos estavam encapuzados. Seu veículo, Marajó, foi incendiado.
Um veículo Toyota utilizado para atenção básica à saúde no Distrito Sanitário Leste de Roraima, que fazia a remoção de um paciente para Boa Vista, também, foi interceptado pelo grupo. O motorista teve armas apontadas para sua cabeça e o carro foi depredado, e o paciente agredido fisicamente

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