VOLTAR

CINTA-LARGA: OS CANIBAIS CIVILIZADOS DE RONDÔNIA

Rondoniagora-Porto Velho-RO
Autor: Ivonete Gomes
19 de Abr de 2004

Que ironia do destino. Dia 19 de abril é dia das famílias dos garimpeiros identificarem o que sobrou dos corpos depois do massacre na Roosevelt. O deputado federal do PT, Eduardo Valverde, foi o primeiro a levantar a voz em Brasília para revelar a verdade sobre os índios de Rondônia. E a verdade é que os índios daqui são mais que civilizados, são bem sucedidos. Usam as regalias oferecidas pelo Governo Federal, que não se preocupou em distinguir silvícolas de índios, para fazer fortuna.

As declarações do presidente da Funai são típicas de quem não conhece a realidade local. Os Cinta-larga, ao contrário do que afirma o quase cacique Mércio Pereira Gomes, não estupraram, torturaram, castraram e espancaram os garimpeiros para defender suas terras. Os horrores foram cometidos em defesa de interesses econômicos, mais precisamente em nome de uma posse quase legítima da jazida de diamant es localizada na reserva indígena. A insistência do presidente da Funai e de alguns parlamentares em maquiar o fato de que os Cinta-larga são homens comuns, com CPF, RG e Carteira de Habilitação, pode colocar o Brasil em uma situação mais vexatória perante o mundo. Há certa apreensão de que pressões de organismos internacionais acabem gerando a impunidade. A preocupação do governador de Rondônia, Ivo Cassol, e de alguns deputados, a exemplo de Valverde, tem justa causa. A não punição dos culpados pelas mortes em Roosevelt pode restar instituída a pena de morte nas reservas indígenas. Se a justiça aceitar os argumentos da Funai, legítima representante desses índios, de que os Cinta-larga mataram porque houve invasão as terras da reserva, também vamos estar diante de outro precedente, o de que invasores podem ser assassinados. Sendo assim não há que se falar em punição a fazendeiros que matam sem-terra nas propriedades invadidas. A Polícia Federal, que tem usado a pre rrogativa do sigilo durante o inquérito, deve, pelo menos, já ter questionado alguns fatos estranhos, como a falta de providências de alguns funcionários da Funai que conheciam o risco de um confronto.
O mundo precisa saber: em Rondônia índio é rico. Dirige carros importados, usa Global Star, anda com notebook, freqüenta cursos em faculdades particulares e também gosta de navegar na internet. Ao contrário do que Mércio Pereira pensa, ou parece que pensa, os índios daqui não dançam mais para fazer chover, não usam penas ou andam desnudos e não se preocupam com a preservação da floresta. Os índios de Rondônia, com exceção à tribo dos uru-weu-au-au na região do Vale do Guaporé, conhecem bem o homem branco e melhor ainda a mulher branca, com quem alguns caciques formaram prole.
Já foi o tempo em que índio era índio por aqui, embora os Cinta-larga tenham mostrado ao mundo que são verdadeiros canibais: matam e "comem" garimpeiros.

Fonte:

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.