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Cinema indígena recupera cultura e afirma identidade

Agência de Notícias do Acre/Governo do Acre - www.agencia.ac.gov.br
Autor: Rose Farias
19 de Abr de 2015

Com um acervo de documentários premiados em festivais nacionais e internacionais, os realizadores indígenas no Acre se debruçam sobre a tecnologia digital, produzindo obras que se constituem em rico patrimônio material e intelectual.

Os filmes são utilizados por esses povos para narrar as práticas cotidianas de sua cultura com os rituais de danças, cantos e espiritualidade, além de servirem como recurso didático nas escolas indígenas e mostrarem a sua luta.

O cineasta Zezinho Yube, hunikui da Terra Indígena Praia do Carapanã, aldeia Mibayã, no Rio Tarauacá, tem nove filmes produzidos e premiados em vários festivais. Yube é assessor especial dos Povos Indígenas do governo do Estado.

O primeiro contato de Yube com o cinema foi com a oficina do projeto Vídeo nas Aldeias, dirigido pelo cineasta Vicent Carelli. Dois anos depois da segunda formação, o cineasta fez seu primeiro documentário, fruto da oficina "Xinã Bena, Novos tempos".

Zezinho utiliza o cinema-documentário para narrar as histórias sobre a origem de seu povo, a sua cultura e o cotidiano nas aldeias. "Muitas danças, cantos e rituais que nosso povo fazia antes, e que haviam sido adormecidas devido aos processos de correrias e escravidão que passamos, foram revitalizados pelos registros audiovisuais. Meu pai sempre diz que se a gente tivesse esse recurso da tecnologia tempos atrás a gente poderia ver como era a vida há 100 ou 200 anos", ressaltou.

Para Yube o cinema, além de servir como registro da cultura dos povos indígenas, é um instrumento para fins políticos. "Nas narrativas está contida a nossa luta para mostrar para a sociedade, os não indígenas e outros outros povos indígenas que existem várias culturas diferentes", comenta.

O cineasta dirigiu os documentários: "Bimi, Mestra de Kenes", "Já me transformei em imagem", "Katxa Nawá", "Troca de Olhares", "Uma escola Hunikui", "Xinã Bena, Novos tempos", "Manã Bai, a história do meu pai" e "Kene Yuxi, as voltas do Kene".

O cinema na escola indígena

Para o cineasta e professor indígena Issac Piyãko (ashaninka) o cinema possui um importante significado quando utilizado sob forma de narrativas nas escolas, como recurso didático. "Cada vez que fazemos um trabalho em vídeo e mostramos ao nosso povo é um enriquecimento muito grande: olha, isso aconteceu daquela maneira, hoje está acontecendo deste jeito. Os próprios alunos que estão estudando, que veem a gente falar do mundo, da vida, das pessoas, no vídeo, eles sabem o que aconteceu, o que está acontecendo e o que pode vir a acontecer".

Issac Piyãko é autor do documentário "A Gente Luta Mas Come Fruta", juntamente com o irmão Wewito Piyãko. O filme foi vencedor do prêmio Panamazônia ActionAid 2007 como melhor produção audiovisual.

Com 40 minutos, o documentário descreve o manejo agroflorestal realizado pelos ashaninka da Aldeia Apiwtxa no Rio Amônia, Acre. No filme eles registram, por um lado, seu trabalho para recuperar os recursos da reserva e repovoar seus rios e suas matas com espécies nativas e, por outro, a luta contra os madeireiros que invadem sua área na fronteira com o Peru.

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