VOLTAR

Cinco famílias resistem na reserva

CB, Brasil, p. 17
20 de Dez de 2007

Cinco famílias resistem na reserva

Aproximadamente 100 famílias de produtores de arroz e pequenos agricultores já deixaram a área indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, palco de constantes conflitos fundiários e região que o governo federal considera de risco. Segundo o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, o clima é tranqüilo, apesar de cinco famílias - os maiores rizicultores da área - ainda permanecerem. A Polícia Federal está preparando uma operação para realizar a retirada dos que não aceitarem acordo com a União, que prevê pagamento de indenizações pelas benfeitorias feitas nas terras.

"Hoje, cerca de 99% do pessoal já deixou a região", anunciou Meira, ressaltando que os que ficaram só o fizeram por questões ideológicas. "É porque são contra os índios. Inclusive há depoimentos dessas pessoas mostrando isso", acrescentou o presidente da Funai, avaliando que o problema deverá ser resolvido em breve. A Reserva Raposa Serra do Sol, localizada na fronteira do Brasil com a Guiana e a Venezuela, se tornou uma das grandes preocupações do governo que, depois de 20 anos de conflito entre brancos e índios, só teve sua demarcação homologada em 2005, sob protestos de produtores de arroz, que chegaram a fechar rodovias.

Pouco depois, indígenas wapixana e macuxi, que são maioria na área, ex-aliados dos agricultores, seqüestraram policiais federais que faziam a segurança da região. Hoje, segundo Meira, o problema está bem menor - uma afirmação da qual discordam delegados envolvidos na elaboração da operação que vai ocupar Raposa Serra do Sol. "A área é sempre um grande barril de pólvora. Mas nossa intenção é retirar o pessoal sem enfrentamentos", afirma um dos coordenadores da ação policial, ressaltando que, após a realização do trabalho, um grupo de agentes continuará na reserva.

A retirada seria feita pela PF e as Forças Armadas, mas os militares se recusam a participar da operação. Uma das causas seria a forma como foi feita a demarcação da área. O Comando do Exército, responsável por manter várias bases ao longo da fronteira, discordou da homologação contínua, que atingiu cidades e vilas da região previstas para ficarem de fora da demarcação. Os militares iriam dar apoio logístico para que a Polícia Federal entrasse nas terras indígenas.

Hoje, o ministro da Justiça, Tarso Genro, deve receber cinco caciques cintas-largas para tentar solucionar outro problema: o garimpo de diamantes existentes na Reserva Roosevelt, em Rondônia. Na semana passada, os índios mantiveram cinco reféns, entre eles, um oficial do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos e um procurador da República. (EL)

CB, 20/12/2007, Brasil, p. 17

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.