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Cientistas pedem nova politica para Amazonia

OESP, Geral, p. A12
29 de Jul de 2004

Cientistas pedem nova politica para Amazonia

Em busca de uma solução para o desmatamento na Amazônia, pesquisadores e ambientalistas reunidos ontem na 3.ª Conferência Científica do LBA - Experimento em Grande Escala da Atmosfera, reforçaram a idéia de que o dilema preservação da floresta versus desenvolvimento tem de ser revisto. Afinal, o Brasil tem uma das mais severas políticas ambientais do mundo, com rigorosas leis, mas a cada ano a maior floresta do planeta perde 20 mil quilômetros quadrados de verde, área que se transforma em pastos, grandes plantações ou imensas savanas depois de queimadas que destroem um dos mais perfeitos ecossistemas.

"Eu prefiro formular uma equação em que há dois fatores importantes:

desenvolver e garantir a continuidade dos serviços ambientais da floresta.

Garantir os serviços ambientais e conseguir manter a capacidade de a floresta ser provedora de insumos, entre eles produtos para o extrativismo e para a agroindústria", disse, no encontro, o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Humberto Rocha.

Rocha não deixa de defender a necessidade de preservação de faixas de floresta, mas faz parte de uma ala da ciência que está preocupada em apoiar a ação do homem, porque esta é inevitável, mas de forma equilibrada. "O brasileiro tem de acordar todo dia e pensar: 'O que vamos fazer com a Amazônia?' Porque daqui a alguns anos vamos ter um grande problema, a falta de água", afirmou.

Limite - Segundo ele, mesmo com o cumprimento das leis, haverá a "descaracterização da Amazônia de hoje". Por isso, avalia que não há como pensar numa Amazônia intocável. Mas há formas de trabalhar dentro da linha de que a floresta tem capacidade limitada de absorver a ação do homem e o desafio é permitir o desenvolvimento sustentável nessa faixa dentro desse "limite" da floresta.

Para Rocha, um importante teste sobre a capacidade de "absorção" da ação do homem na floresta será a pavimentação da BR-163, que a corta. "Sabemos que uma estrada traz desmatamentos. Mas a pavimentação significa dinheiro, recursos, maior qualidade de vida. Eu sei que o homem tem de vir primeiro. A questão é desenvolver e manter a capacidade da floresta de oferecer os serviços ambientais", observou. O pesquisador da USP contou que fará um estudo para analisar as conseqüências para a floresta com a pavimentação da estrada.

OESP, 29/07/2004, Geral, p. A12

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