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Cidade italiana converte vento em energia

FSP, The New York Times, p. 4
01 de Nov de 2010

Cidade italiana converte vento em energia

Por Elisabeth Rosenthal

Tocco da Casauria, Itália - As torres de turbinas brancas que se levantam na borda da estrada mostram algo de extraordinário que está ocorrendo na Itália.
Com taxas elevadas de consumo de energia, pequenas comunidades em um país conhecido muito mais pelo lixo do que pela consciência ambiental estão encontrando a salvação econômica na tão comentada energia renovável.
Mais de 800 comunidades italianas agora produzem mais energia do que usam, por causa do recente uso da estrutura energética renovável, de acordo com o grupo italiano ambiental Legambiente.
Energia renovável tem sido uma grande oportunidade para Tocco que faz dinheiro com produção de eletricidade e não cobra impostos ou taxas por serviços como recolher o lixo.
Uma cidade italiana de 2.700 pessoas localizada em região central, pobre e montanhosa, Tocco está em muitos aspectos parada no passado. Senhores falam sobre política em bares lotados, e senhoras passeiam pelo mercado.
Mas, quando vista em uma perspectiva energética, Tocco está no futuro.
Além das turbinas de vento da cidade, painéis solares geram eletricidade em seu antigo cemitério e no seu complexo esportivo.
"Normalmente, quando você pensa sobre energia relaciona com estruturas gigantescas, mas aqui o que é interessante é que os municípios estão participando muito", disse Edoardo Zanchini, que comanda a divisão de energia da Legambiente. "Isso ocorrendo em um lugar como a Itália é impressionante".
A Itália é um peso para a revolução renovável. Ela tem sido criticada repetidamente pela União Europeia por não seguir os objetivos ambientais do bloco.
Atualmente, somente 7% da eletricidade do país vêm de fontes renováveis, resultado muito distante do ideal.
Mas o crescimento de projetos pequenos renováveis em cidades como Tocco, não somente na Itália, como em outros países, mostra que transformar o verde em modelo econômico é mais importante do que criar um plano nacional para promover alternativas de energia.
Tocco escolheu esse caminho, porque a energia na Itália é uma das mais caras da Europa.
Ao mesmo tempo, os custos relacionados à energia renovável estão caindo rapidamente.
E, como na Europa, o atrativo da energia alternativa foi garantido pelas tarifas de incentivo -o governo garante comprar a energia renovável em um preço competitivo das companhias, cidades ou vilarejos que produzam esse tipo de eletricidade.
Nos Estados Unidos, onde a eletricidade é barata, e a política do governo favorece a produção de determinada porcentagem de energia advinda de fontes sustentáveis, o estímulo à energia alternativa não tem sido satisfatório.
Mas em países onde a energia advinda de fontes fósseis é naturalmente cara -em alguns casos, a razão é um imposto sobre o carbono- e não há dinheiro para pagar por ela, a energia renovável rapidamente cresceu em importância, mesmo em lugares considerados pouco prováveis como em Tocco.
Com suas quatro turbinas de vento (duas foram completadas em 2007, e outras duas, no ano passado), Tocco é agora totalmente independente de financiamento, já que gera 30% mais do que usa.
A produção da energia verde, no ano passado, resultou em ¤ 170 mil para a cidade, ou mais de US$ 200 mil.
A prefeitura está renovando a estrutura das escolas para proteger as crianças dos terremotos e triplicou o orçamento para manter as ruas sempre limpas.
O destino de sucesso de Tocco já estava escrito.
Em uma posição estratégica, em um vale que recebe ventos em abundância, a cidade foi escolhida pela União Europeia como o local ideal para um projeto de demonstração sobre energia eólica em 1989.
Ela tinha duas turbinas de vento ineficientes que duraram cerca de uma década e não foram substituídas, suprindo, no máximo, 25% da demanda de eletricidade do município. Os residentes as chamavam de "sacos de barulho".
Mas, nos últimos anos, com a melhora da tecnologia, a instalação de turbinas silenciosas e o interesse público, houve mudança no modo de encarar e aproveitar a força dos ventos.
"Nós sabíamos o que estávamos fazendo e onde colocaríamos as turbinas", disse Riziero Zaccagnini, o popular prefeito da cidade, sempre com sua jeans azul.
Como é comum na Europa e nos Estados Unidos, as novas turbinas são de propriedade e operadas por uma companhia de energia privada. Existe um contrato entre a prefeitura e essa empresa.
Tocco venceu prêmios de grupos ambientais internacionais por seus esforços em energia renovável.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/newyorktimes/ny0111201010.htm

Energia solar está sob controle dos chineses

Por Todd Woody

FREMONT, Califórnia - O Vale do Silício sonhou em reinventar a tecnologia de transformação da energia solar usada para fazer painéis solares, através do corte radical dos custos de produção.
Mas, conforme as companhias fundadas por veteranos da alta tecnologia finalmente iniciaram a produção em larga escala, eles estão descobrindo que essa indústria já passou por transformação. Industriais chineses, fortemente subsidiados pelo seu próprio governo e apoiados em uma economia de alta escala, têm contribuído para a queda do preço dos painéis solares convencionais e controlado uma generosa fatia do mercado mais rápido do que o previsto.
Os construtores de painéis solares chineses agora produzem para 40% do mercado californiano, o maior dos Estados Unidos nesse tipo de energia, e para a maior parte do mercado europeu, de acordo com a Bloomberg New Energy Finance, uma empresa de pesquisa.
"Nós crescemos todos os anos", disse Fang Peng, executivo-chefe da JA Solar, em Xangai. "No fim do ano, vamos ter 1.8 gigawatts de capacidade e cresceremos de 4.000 empregados no começo deste ano para mais de 11 mil.
Em comparação, a Silicon Valley´s Solyndra espera ter uma capacidade de produção total de 300 megawatts no final de 2011.
"O mercado solar mudou muito, o suficiente para fazer você chorar", disse Joseph Laia, executivo-chefe da MiaSolé.
Os desafios vêm apesar do extenso apoio público e privado. Solyndra, uma das maiores empresas do setor, obteve mais de US$ 1 bilhão de investidores. O governo federal forneceu um empréstimo de US$ 535 milhões para a nova fábrica de painéis solares da empresa. Mas, enquanto tal estrutura da Solyndra está em construção, a competição dos chineses ajudou a derrubar o preço dos módulos solares em 40%. Solyndra aumentou seus esforços de marketing para vender a imagem de que seus painéis, apesar de mais caros, têm custo-benefício maior, já que considera as taxas de instalação no preço.
"Isso coloca mais pressão para derrubar os custos de produção", disse Bem Bierman, vice-presidente de operação e engenharia da Solyndra.
O crescimento rápido dos chineses está fazendo com que investidores tenham receio de começar novos negócios na área.
No terceiro trimestre de 2010, o investimento em companhias solares despencou para US$ 144 milhões, bem distante dos US$ 451 milhões do mesmo trimestre do ano anterior, de acordo com o Grupo Cleantech, uma empresa de pesquisas de San Francisco.
Companhias que fazem células fotoelétricas usando elementos como cobre, índio, gálio e seleneto, ou CIGS, estão sendo particularmente prejudicadas.
Ao contrário das células solares convencionais, feitas de silício, células CIGS podem ser depositadas em vidro ou materiais flexíveis. A promessa das novas células solares era que podiam ser mais baratas. Mas produzir células CIGS em larga escala é um desafio.
Enquanto companhias trabalham nesse problema, preços do silício caem, e as companhias chinesas rapidamente expandem a produção de painéis solares convencionais.
Arnos Harris, executivo-chefe da Energy Recurrent, empresa que desenvolve energia solar em San Francisco, disse que assinou um acordo de fornecimento com a Yingli Green Energy, que recebe subsídios do governo chinês, porque a companhia oferece preços baixos, produtos de qualidade e possibilidade de financiamento.
A competição chinesa fez com que algumas companhias do Vale do Silício perseguissem novas estratégias para sobreviver.
A Innovalight desenvolveu uma nova ideia, algo que chama de "tinta de silício", que aumenta a eficiência da célula solar. Os executivos da Innovalight decidiram que, em vez de competir com os chineses, poderiam negociar a patente com eles e evitar o investimento de centenas de milhões de dólares para construir fábricas.
"Como você luta contra subsídios enormes, juros baixos em empréstimos, mão de obra barata e um governo que objetiva tornar você o primeiro colocado em tecnologia solar?", disse Conrad Burke, chefe da Innovalight, se referindo, é claro, ao governo chinês. Até mesmo Lyndon Rive, executivo-chefe da SolarCity, outra empresa do Vale do Silício, confirmou que sua companhia vai instalar um número considerável de painéis solares para a gigante do varejo Wal-Mart -quase todos eles feitos na China.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/newyorktimes/ny0111201009.htm

Missão militar é a de construir o futuro com energia renovável
No campo de batalha, até energia pode ser produzida

Por Elisabeth Rosenthal

Com os insurgentes atacando cada vez mais o suprimento de combustível americano que passa pelo canal Khyber no Afeganistão, os militares americanos estão atrás do desenvolvimento da energia renovável para diminuir sua necessidade de transportar combustíveis fósseis.
A tecnologia que envolve energia renovável -que se tornou mais confiável e menos cara nos últimos anos- é responsável por somente uma porcentagem reduzida da energia usada pelas Forças Armadas dos EUA, mas líderes militares planejam expandir sua utilização nos próximos anos.
"Existem profundas razões para que eles façam isso, mas para nós a principal é a praticidade", disse Ray Mabus, secretário da Marinha e ex-embaixador na Arábia Saudita, que planeja que metade da energia utilizada pela Marinha venha de fontes renováveis até 2020.
Combustíveis fósseis respondem por 30% a 80% da carga dos comboios no Afeganistão, o que significa riscos para os soldados. Enquanto os militares compram gás por somente US$ 1 o galão (cerca de US$ 0,27 o litro), conseguir o mesmo galão para alguma base de operação mais distante custa US$ 400.
Enquanto definir política de energia nacional precisa de debates no Congresso, os líderes militares podem simplesmente ordenar a adoção da energia renovável. E os militares têm o poder de criar produtos e mercados. Isso pode fazer a energia renovável mais prática e barata para o uso no dia a dia, especialistas dizem.
No ano passado, a Marinha dos Estados Unidos introduziu seu primeiro navio híbrido, movido à eletricidade.
A Força Aérea terá toda a sua frota certificada para voar com biocombustíveis em 2011 e já está realizando voos de teste com mistura de combustíveis fósseis e renováveis (50% cada um) no tanque; a Marinha obteve, pela primeira vez, combustível vindo de algas. Biocombustíveis podem, na teoria, ser produzidos onde estejam disponíveis os materiais para tanto. Isso significa que podem ser produzidos perto dos campos de batalha.
Recentemente, os militares convidaram empresas para demonstrar produtos que podem ser úteis no campo de batalha. O objetivo foi ver, por exemplo, se sistemas de refrigeração poderiam amenizar as temperaturas desérticas ou se o uso dos painéis solares poderia prejudicar as tropas por fazer com que as barracas ficassem mais visíveis para o radar inimigo.
As tecnologia renováveis se provaram capazes de fornecer energia para computadores, residências e a maior parte dos equipamentos por mais de uma semana na base de teste no deserto de Mojave nos EUA -apesar de não terem sido capazes de colocar para funcionar os sistemas mais sofisticados de proteção.
Outras novidades estão em estágio de teste: um sistema experimental de refrigeração usa um cano embaixo da terra, dois metros abaixo, para que jogue ar gelado dentro das barracas.
Os integrantes da Marinha estão explorando sistemas de purificação da água, através da energia solar, e considerando a possibilidade de construir, em escala menor, uma usina baseada em um caminhão que transformaria a colheita local em combustível.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/newyorktimes/ny0111201011.htm

FSP, 01/11/2010, The New York Times, p. 4

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