VOLTAR

Cidade de Deus fabricara biodiesel

O Globo, Rio, p.16
25 de Nov de 2004

Cidade de Deus fábricará biodiesel
Patrícia Faria
Lançada aos olhos do mundo, há dois anos, como uma comunidade violenta, a Cidade de Deus, tema de filme que teve quatro indicações para o Oscar, quer mudar de cena. Na Expo Brasil Desenvolvimento Local, um dos mais importantes eventos de responsabilidade social do país, que está acontecendo em Olinda, no Centro de Convenções de Pernambuco, a apresentação dos projetos desenvolvidos na favela de Jacarepaguá, ontem à tarde, foi uma das que mais chamaram a atenção dos participantes.
Durante o encontro, que será encerrado depois de amanhã, serão apresentadas mais de 50 experiências bem-sucedidas de desenvolvimento em várias cidades brasileiras. Todas as iniciativas são das próprias comunidades. No início do ano que vem, a favela carioca vai inaugurar o projeto pioneiro de instalação de uma fábrica de biodiesel, para transformar e reutilizar o óleo de soja.
— Será a primeira usina do gênero em área urbana e vai gerar empregos. O projeto tem, inclusive, apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia — disse o presidente do Comitê Comunitário da Cidade de Deus, Carlos Alberto Oliveira.
A usina terá capacidade de produzir, inicialmente, cinco mil litros de óleo por dia, que serão vendidos a empresas de ônibus. A matéria-prima, o óleo de soja, será recolhida pelos futuros funcionários em restaurantes, bares e hotéis do Rio de Janeiro.
Favela também terá cooperativa de construção
Outro projeto que vai gerar empregos é o da criação de uma cooperativa de construção civil, que já conta com o apoio do Sebrae. Serão capacitadas 300 pessoas. A Cidade de Deus ganhará também uma fábrica de material esportivo. Com essas iniciativas, espera-se reduzir o alto índice de desempregados.
— Chama a atenção o fato de que em cerca de 1.734 domicílios, ou 16% do total, o chefe da casa declarou não ter nenhuma renda. Por isso, os empregos gerados vão atender a essas pessoas que não têm renda alguma — disse Carlos Alberto.
Em janeiro do ano que vem, será criada ainda uma agência de desenvolvimento comunitário, que também vai gerar empregos e levar educação à região. A informação foi dada por Iara Oliveira, que faz parte da diretoria do projeto de desenvolvimento comunitário da favela. Do evento em Olinda participam cerca de três mil pessoas. Além de brasileiros, há representantes de países como Estados Unidos, Canadá e Portugal. O encontro se destina à troca de experiências na área de inclusão social.

O Globo, 25/11/2004, p. 16

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.