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Cidadania chega às aldeias indígenas

Diário Catarinense-Florianópolis-SC
Autor: DARCI DEBONA
17 de Jul de 2003

Beneficiados são 349 índios, que receberam sua certidão de nascimento ontem em Chapecó

Uma cena rara foi presenciada ontem na aldeia Toldo Chimbangue, em Chapecó. O juiz de Direito Selso de Oliveira, da comarca de Chapecó, entregou ontem 349 certidões de nascimento a índios das aldeias Kondá e Toldo Chimbangue. Entre os beneficiados estavam crianças de um ano até adultos de 53 anos.

Segundo o chefe do posto indígena local, Renato Gnoatto, até recentemente os indígenas tinham apenas um registro administrativo da Funai. A partir de outubro de 2000, este registro passou a não ser mais aceito para a confecção de carteiras de identidade e outros documentos.

Com a demanda cada vez maior de índios buscando as certidões, o juiz solicitou à Funai que mandasse a documentação de todos os indígenas para o Ministério Público, que encaminhou ação de registro de nascimento.

Oliveira disse que muitos índios que não existiam para fins estatísticos, agora são considerados cidadãos. O administrador da Funai, Antônio Marini, destacou que isso vai facilitar uma série de encaminhamentos como aposentadoria, bolsa-escola e financiamentos do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf).

Nomes indígenas preservam identidade

O cacique da aldeia Kondá, José Kokaj da Silva, assistiu com orgulho à entrega da certidão para o filho, Atanásio Kojaj da Silva, de 18 anos. Atanásio afirmou que é importante o documento, pois pretende estudar e fazer faculdade na área agropecuária.

Até para conseguir trabalho a certidão é fundamental. Gedenilson Tuia Ferreira, sete anos, também recebeu o documento e sonha em ser dentista.

O cacique de Toldo Chimbangue, Idalino Fernandes, disse que o mais importante das certidões é a manutenção dos nomes indígenas como Kokaj e Tuia, que significam 'árvore' e 'cesta', respectivamente. Esta era uma das preocupações do rezador da aldeia, João Doré, responsável pelo batismo indígena. "Os índios têm que manter o nome indígena, senão viram brancos." Agora, os índios têm os direitos dos brancos, mas preservam sua identidade.

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