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Chico Mendes, 15 anos depois : livro de Zuenir Ventura será lançado hoje

O Globo, O País, p.13
05 de Dez de 2003

Chico Mendes, 15 anos depois

Daniela Birman

Quinze anos após a morte do ecologista e líder seringueiro Chico Mendes, o Acre avançou. Esta é uma das conclusões do jornalista e colunista do GLOBO Zuenir Ventura que, em sua quarta viagem ao estado, em outubro deste ano, reviu lugares e personagens para escrever a terceira parte de "Chico Mendes: Crime e castigo" (Companhia das Letras). O livro está chegando hoje às livrarias, no mês em que se completa uma década e meia do assassinato do sindicalista.

- O Acre deu um grande passo e avançou no sentido da pacificação das relações entre seringueiros e fazendeiros, que eram explosivas e culminaram com a morte do Chico Mendes - conta Zuenir, que explicou ainda que os dois lados se reúnem hoje para discutir suas discordâncias: - O Jorge Viana (governador do Acre) conseguiu isso. Há divergências? Há, mas não, digamos, antagonismo explosivo. Então isso foi realmente uma das melhores coisas que aconteceu por lá e, de certa maneira, isso ocorreu muito por causa de Chico Mendes.

"Chico Mendes" faz parte da coleção Jornalismo Literário. A primeira parte, chamada "O crime", tem reportagens realizadas em 1989. A segunda parte, "O castigo", tem textos de 1990. Com a série "O Acre de Chico Mendes", publicada em 1989 no "Jornal do Brasil", Zuenir ganhou os prêmios Esso de Jornalismo e Vladimir Herzog de Reportagem. Já a segunda parte da obra corresponde às viagens realizadas para o julgamento dos assassinos.

Além de abordar o fim do conflito fundiário, a terceira parte do livro traz números relativos ao desmatamento da Amazônia, relatos sobre o avanço da Justiça no estado, sobre o reconhecimento de Ângela Maria como filha de Chico Mendes (o seringueiro, por sinal, morreu bígamo) e até uma nova versão para o crime.

Como contou Nilson Alves de Oliveira, que, em 1989, era o delegado de Xapuri e conduziu o inquérito policial, o tiro não foi disparado por Darci Alves Pereira, mas por seu irmão Jardeir. Além disso, para Nilson, pelo menos uma terceira pessoa estaria presente na cena do crime: Oloci, também da família dos assassinos condenados.

Com a leitura de "O que aconteceu com eles", no fim do livro, é possível saber como vivem os personagens da série "O Acre de Chico Mendes". Darly Alves da Silva está em liberdade condicional e vive entre Rio Branco e Pará, onde comprou terras quando estava foragido. Darci, que cumpre pena numa cidade-satélite de Brasília, em regime semi-aberto, virou pastor evangélico.

O Globo, 05/12/2003, O País, p. 13

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