VOLTAR

Censo indígena

Diário de Cuiabá - http://www.diariodecuiaba.com.br
05 de Ago de 2010

Pela primeira vez o Brasil terá a oportunidade de conhecer com profundidade e exatidão quantas e quais etnias tem, e ao mesmo tempo quantos indivíduos desses povos existem.

A identificação e quantificação dos indígenas tomando por base a língua por eles falada somente será possível porque o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) incluiu ao questionário que os recenseadores levarão aos 2.760 setores censitários indígenas esse item de questionamento.

O resultado do censo populacional nas aldeias dispersas pelo Brasil e o cruzamento desse número pelo IBGE com os dados levantados sobre a população indígena que vive em áreas urbanas ou até mesmo rurais, porém fora das reservas sob tutela da Funai, relevarão quantos são os indíviduos e quantas etnias existem.

Desse contexto somente serão excluídos os grupos indígenas qualificados enquanto "arredios", ou seja, aqueles que ainda não tiveram nenhum tipo de contato com a população envolvente, ou ainda que o tenham feito, mas que não se inserem ao perfil antropológico que permita seu recenseamento pelo IBGE.

A iniciativa do IBGE é louvável e não significa usurpação de funções da Funai e da Funasa, que tem atribuições relevantes no cenário da política indigenista. O trabalho dos recenseadores será importante para ampliar o leque de informações sobre os indíviduos que primitivamente habitavam o Brasil antes da colonização portuguesa.

Atualmente os dados populacionais indígenas são baseados em estimativas do IBGE, porque o último censo data do ano 2000. Calcula-se que essa população é formada por 735 mil indíviduos sendo que aproximadamente 27 mil vivem na vastidão territorial de Mato Grosso.

Com os números que serão apurados em campo pelo IBGE será possível aprimorar as políticas de saúde pública e de educação nas aldeias. Hoje, por falta de informação precisa as ações transversais do governo federal nas reservas da Funai são, em muitos casos, desenvolvidas com base no "achômetro". Por falta de banco de dados federal não é possível fazer o cruzamento de dados do pessoal contemplado com programas sociais, eleitores, servidores indígenas lotados na Funai e Funasa, nas matrículas escolares, no atendimento médico, campanhas de vacinação e na presença dos jovens nas universidades e Forças Armadas.

Graças ao IBGE em breve o Brasil verdadeiramente conhecerá sua população indígena por todos os ângulos possíveis: saberá quantos indivíduos residem em cada uma das reservas e mais estratificadamente, como vivem, a exemplo do que também será apurado com o conjunto dos brasileiros, porém com o diferencial da língua que falam.

O trabalho ora iniciado pelo IBGE reveste-se de grande importância e dará números exatos e oficiais aos indivíduos de todas as etnias, o que permitirá ao Brasil dar à questão indígena tratamento compatível com suas demandas, ao contrário do que ora se verifica, com essa questão sendo tratada com a insegurança de quem caminha no escuro.

Graças ao IBGE em breve o Brasil verdadeiramente conhecerá sua população indígena

http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=376470

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.