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Cenap faz pesquisa para preservar habitat de predadores naturais na Mata Atlântica

ICMBio - www.icmbio.gov.br
Autor: Luciana Melo - luciana.melo@icmbio.gov.br
30 de Out de 2008

O Centro Nacional de Pesquisas para Conservação dos Predadores Naturais (Cenap), do Instituto Chico Mendes, capturou, no domingo (19), no Parque Estadual Carlos Botelho, em São Paulo, a primeira onça parda que fará parte das pesquisas do projeto criado para identificar fragmentos florestais utilizados por esses animais e que merecem ser preservados na Mata Atlântica.

Segundo o chefe do Cenap, Ronaldo Gonçalves Morato, o projeto "Ecologia da comunidade de carnívoros do Parque Estadual Carlos Botelho" busca fazer o acompanhamento, por radiotelemetria, dos predadores que são fundamentais na estruturação das comunidades de carnívoros em diversas áreas da floresta. O estudo desses animais pode servir para se avaliar o equilíbrio da comunidade em outras regiões da Mata Atlântica.

O projeto vai auxiliar também na identificação de áreas importantes para conservação da Mata Atlântica costeira. "Dessa forma, os governantes poderão concentrar esforços nessas regiões, criando diferentes modalidades de Unidades de Conservação (UC) ou mesmo estabelecendo outras estrategias de conservação, usando como base essa importante especie", comentou Morato.

ARMADILHAS - As operações para capturar as onças iniciaram-se em novembro de 2007. Somadas, essas operações acumularam cerca de 150 dias/armadilha, utilizando-se galinhas como iscas. "Foram instaladas armadilhas fotográficas na mata, de maneira que fosse possível identificar onde estão os animais e qual a densidade na região".

De acordo com Ronaldo, em pelo menos duas ocasiões onças pardas passaram em frente às armadilhas abertas e as ignoraram, o que levou os pesquisadores a pensar que, em uma área com grande disponibilidade de presas naturais, as galinhas fossem ineficazes como isca, já que as onças têm preferência por mamíferos grandes.

O objetivo da pesquisa é saber como as onças usam paisagens fragmentadas e quais as melhores estratégias para a conservação dessas áreas. As informações obtidas por meio desses animais vão embasar propostas de criação de novas Unidades de Conservação federais ou estaduais e ainda de um possível corredor de biodiversidade.

OPERAÇÕES - As operações de captura das onças está sendo feita em conjunto com a equipe do professor Marco Antonio Gioso, do Departameto de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP), que mantém o projeto "Avaliação das condições do sistema estomatognático das onças pintadas e suçuaranas na Floresta Atlântica".

Coordenado pelo professor João Luiz Rossi Jr., a atividade visa estudar a saúde oral desses animais e investigar sua relação com a predação de criações domésticas. A equipe é composta por veterinários do Cenap e do Laboratório de Odontologia Veterinária da FMVZ-USP e da bióloga e também coordenadora do projeto, Beatriz Beisiegel.

A onça apreendida foi anestesiada e equipada com um rádio-colar. Foram coletadas amostras de sangue para os estudos de genética populacional, doenças bacterianas, virais e parasitárias, que serão realizados pelo Cenap. Foi feito ainda um exame da boca e coletadas amostras para o projeto da FMVZ-USP.

Esta será a primeira onça pintada a ser acompanhada por radiotelemetria na Mata Atlântica costeira. Neste bioma, a espécie foi acompanhada apenas no Parque Nacional do Iguaçu, pelo biólogo Peter Crawshaw Jr. O monitoramento por radiotelemetria é essencial para a obtenção de dados necessários para definir as estratégias de conservação da espécie, considerada criticamente ameaçada no Estado de São Paulo.

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