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Autor: Juliana Bandeira
21 de Mai de 2015
Objetivo é traçar inventário avifaunístico da Serra do Comissário
O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave) realizou, de 26 a 30 de abril, expedição de campo aos municípios de Lagoa e Santa Cruz, no sertão paraibano, com o objetivo de elaborar o inventário avifaunístico da Serra do Comissário. Esta localidade, que recebeu uma primeira expedição em 2014, entre os dias 2 e 6 de novembro, encontra-se em área de lacuna de conhecimento de aves da Caatinga.
A atividade está prevista na meta 3.2 do Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação das Aves da Caatinga. As expedições contemplaram a estação seca e a estação chuvosa e os resultados preliminares revelam um total de 140 espécies inventariadas, destacando-se entre elas a jacucaca (Penelope jacucaca), que está ameaçada de extinção, na categoria Vulnerável, além de espécies endêmicas da Caatinga.
Os analistas ambientais do Cemave, Diego Mendes e Emanuel Barreto, estimam que a população de jacucaca está bastante reduzida na região de estudo, em virtude da pressão de caça, inclusive, correndo o risco de desaparecer se nada for feito.
Uma possível extinção local já ocorreu com outra espécie: o pintassilgo-do-nordeste (Sporagra yarrellii). "Segundo relatos obtidos junto a moradores locais, a espécie era comum na Serra do Comissário até os anos 90 e desapareceu por causa da captura intensiva, praticada por traficantes, vindos do município vizinho de Sousa", afirmou Emanuel Barreto.
Os moradores da região também relataram que, agora, outra espécie tem sido alvo dos traficantes e poderá ter o mesmo destino se nada for feito: o azulão (Cyanoloxia brissonii).
Recuperação da região e das espécies
Para reverter este quadro de ameaças e garantir a conservação dos recursos naturais da região, o Cemave pretende enviar um relatório técnico para a Superintendência de Meio Ambiente da Paraíba (Sudema), contendo proposta de criação de uma Unidade de Conservação Estadual na Serra do Comissário.
Além disso, o Centro pretende articular com os órgãos competentes uma maior fiscalização na região. Os resultados desta pesquisa estão sendo analisados e serão submetidos para publicação em uma revista científica.
Sobre as espécies
Jacucaca (Penelope jacucaca): a espécie é endêmica da Caatinga, sendo que atualmente as maiores populações ocorrem em Unidades de Conservação do Piauí, Ceará, da Bahia e de Pernambuco. Apesar de possuir ampla extensão de ocorrência, os registros são, na maioria das vezes, de poucos exemplares por localidade.
Pintassilgo-do-nordeste (Sporagra yarrellii): passou por um declínio histórico não quantificado. Atualmente, sua população está fragmentada e possui uma área de ocupação de 1.075 km². A intensa pressão de tráfico (especialmente de machos) é provavelmente a maior responsável pelo declínio continuado da população, o que implica na redução do número de indivíduos maduros.
Azulão (Cyanoloxia brissonii): ocorre do Nordeste do Brasil ao Rio Grande do Sul. Embora não esteja ameaçada, a espécie também é alvo do tráfico ilegal de animais silvestres, estando, por essa razão, sujeita a extinções locais.
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