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Castanheiros pedem ajuda ao governo contra índios invasores de terras

Agência Roraimense de Notícas - http://www.portal.rr.gov.br/
29 de Mar de 2011

Um grupo de castanheiros do Baixo Rio Branco veio ontem a Boa Vista solicitar ajuda do governo do Estado contra a ocupação indevida de terras por parte dos índios waimiri atroari. São cerca de 150 pessoas que extraíam castanhas e agora estão impedidas de trabalhar. Nos últimos dez anos, os indígenas avançaram a placa da reserva 15 quilômetros dentro das terras de Roraima.

Segundo Márcio Souza, 30 anos, um dos líderes da comunidade de Itaquera, ainda não houve confronto porque os extrativistas sempre prezaram o diálogo e o bom senso. "Se a gente ofender um índio é melhor viver trancado em casa", disse. Os waimiri atroari tem um posto de controle na região do Karabinani (fronteira de Roraima com o Amazonas) e proíbem os brancos de atravessarem os rios Jauaperi, Branquinho, Macucuaú e Igarapé Campina Grande, e chegarem aos locais de extração da castanha.

O conflito é antigo. No início do ano 2000 os waimiri começaram a aumentar a área de sua reserva, com o artifício de avançarem a placa colocada pela Funai. De lá para cá, a atividade de colher e quebrar a castanha foi suspensa. Se antes cada família obtinha em torno de R$ 800 mensais, com a venda de 80 latas de castanha, hoje eles sobrevivem de culturas de subsistência (plantio de mandioca, cupuaçu, açaí e pimenta do reino) e da pesca.

Rozan Dias da Silva, 40, também representante da comunidade Itaquera, lamenta a atual situação em que os castanheiros se encontram. "Os índios dizem que os rios são todos deles. A Polícia Federal já esteve lá e nada ficou resolvido. Se nós não tivermos apoio do Estado eles vão avançar mais nas terras de Roraima. Somos carentes de educação, saúde e até do nosso trabalho. Estão acabando com o extrativismo e isto faz as famílias largarem suas casas e virem para a Capital. Trabalhador desempregado, filhas correndo risco da prostituição, é isto que nos espera", desabafou.

O presidente do Iteraima, Márcio Junqueira, recebeu a comissão dos castanheiros e mostrou-se solidário com o problema que eles vêm enfrentando. "Temos que unir todas as instituições envolvidas na questão para solucionar este drama dos extrativistas. Não se pode aceitar que terras do Estado estejam sendo usurpadas, em prejuízo de centenas de famílias que vivem da extração da castanha e da pesca ali há décadas", resumiu.

GOVERNO RECORRE AO MINISTRO DA JUSTIÇA

As 16 vilas que fazem parte do Baixo Rio Branco têm trabalhadores que viviam do extrativismo. Para por fim ao litígio entre brancos e índios, o governo de Roraima enviou ofício ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, reivindicando o direito dos produtores e pescadores de ir e vir, expresso na Constituição Federal. No documento, o governador José de Anchieta acentua que a postura da comunidade indígena, em detrimento das demais populações, vem acarretando significativo prejuízo às centenas de famílias que dependem do extrativismo e da pesca naquela região.

INVASORES PEDEM APOIO AO ITERAIMA

Na manhã de ontem, o presidente do Iteraima, Márcio Junqueira, recebeu integrantes da Associação do Desenvolvimento da Agricultura Familiar de Roraima, que estão ocupando a área particular às margens do Contorno Oeste, denominada Pérolas do Rio Branco. A invasão começou no dia 18 de março, onde mais de três mil pessoas ergueram barracos e lonas.

A comissão foi solicitar apoio do governo para continuar na área, alegando que as famílias que ali se encontram não possuem moradia. Solicitaram, também, através de oficio que a área seja desapropriada por interesse social e que seja feito um cadastro com todas as famílias. A área pretendida pelos invasores é adjacente ao Conjunto Cidadão e ao Anel Viário e tem cerca de 200 hectares. O presidente do Iteraima, Márcio Junqueira, também se demonstrou solidário à causa dos invasores. "É uma área urbana improdutiva que compreende mais de cinco hectares. Quem ganha com a especulação imobiliária não tem noção do sofrimento desse povo. São pessoas que têm todo direito de ter seu pedaço de terra", concluiu Junqueira.

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