VOLTAR

Casos de encalhe crescem na Baixada Santista

OESP, Vida, p. A24
24 de Ago de 2007

Casos de encalhe crescem na Baixada Santista
São 37 registros neste ano, ante 30 em 2006; mais da metade ocorreu nos últimos 40 dias

Rejane Lima

Um golfinho nariz-de-garrafa ficou encalhado na praia de Pitangueiras, no Guarujá, em 10 de julho. Dez dias depois, uma foca leopardo apareceu pela primeira vez na região, no Costão da Enseada, a poucos quilômetros dali. Na semana seguinte, foi a vez de um lobo marinho ser encontrado em Mongaguá. Isso sem contar as baleias, cuja aparição em diversas localidades da costa paulista tem se tornado quase corriqueira.

Apesar de ainda não se saber ao certo o motivo dessas inusitadas visitas, dados mostram que os encalhes de mamíferos aquáticos aumentaram significativamente na Baixada Santista.

De acordo com o escritório regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), já foram registrados 37 encalhes de animais neste ano, 20 deles em julho e agosto, meses considerados críticos. "No ano passado inteiro foram 30 atendimentos, sendo que, no período de encalhe, foram seis", afirma a chefe regional do Ibama, Ingrid Maria Furlan Oberg. Em 2005, os números não foram muito diferentes: 29 no ano e 9 casos entre julho e agosto.

PESQUISA SÍSMICA

Ingrid diz que o Ibama está verificando todas as possibilidades que levariam a esse crescimento. "Muitos encalham doentes, à beira da morte, outros para descansar, outros porque estão desidratados, debilitados", explica, destacando outros dois possíveis motivos sazonais para o aumento: o fenômeno meteorológico La Niña, caracterizado pelo resfriamento das temperaturas no leste do Oceano Pacífico, e as pesquisas sísmicas para encontrar gás e petróleo na Bacia de Santos.

"No mundo todo, nenhuma pesquisa conseguiu provar essa relação (entre pesquisa sísmica e o encalhe), mas a gente já está analisando essa hipótese", disse. Ela lembra que no licenciamento para as pesquisas, o Ibama exige a presença de observadores nas plataformas para que o trabalho seja interrompido caso existam animais marinhos em um raio de 500 metros.

Para o biólogo André Vicente, da organização não-governamental Centro de Estudos sobre Encalhes de Mamíferos Marinhos (Ceemam), os números podem estar aumentando simplesmente por causa da maior eficiência dos parceiros do Ibama, que, nos últimos dois anos, consolidaram a Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos da Região Sudeste (Remase). "A rede cresceu demais. Antes muitas carcaças de animais que iam para o lixo agora não vão mais", diz Vicente, que trabalha especificamente com animais encontrados já mortos.

A veterinária Andréa Maranho, do Grupo de Resgate e Retenção de Animais Marinhos (Gremar), que também faz parte do Remase, concorda que os contatos na região deixaram as estatísticas mais precisas, mas ainda assim ela considera esse ano atípico, principalmente os últimos dois meses. "A variedade de espécies também aumentou e há o aparecimento maior de espécies predominantes no Atlântico Sul", explica. "Antigamente, era mais lobo marinho e pingüim."

Exames microbiológicos estão tentando averiguar se os animais sofreram infecção. Também são feitas tomografias computadorizadas para verificar danos nos tímpanos.

OESP, 24/08/2007, Vida, p. A24

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.