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Casamento energético

O Globo, Economia, p. 16
Autor: VIDOR, George
20 de Ago de 2012

Casamento energético
Energias eólica e solar poderão dividir os mesmos sítios no futuro. Um casamento perfeito de energia renovável

George Vidor

O Brasil é o país que hoje mais investe, no Ocidente, na chamada energia dos ventos. Esse ritmo (média de 2.000 megawatts por ano, um terço das necessidades da economia) já atraiu onze fabricantes de equipamentos, que precisam se manter atualizados com a rápida evolução tecnológica do setor. As torres das primeiras usinas eólicas não passavam de 50 metros. Já chegaram a cem metros de altura e podem atingir 150 metros, em breve. Quanto mais altas as torres, melhor é o aproveitamento dos ventos. Os aerogeradores também acompanham essa evolução. A Weg, por exemplo, importante indústria de motores elétricos, localizada na Grande Joinville (SC), resolveu entrar nesse mercado com um aerogerador de 1,6 MW, mas antes de lançá-lo teve logo de partir para um equipamento mais potente, de 2,5 megawatts, o primeiro concebido para as caraterísticas dos ventos no Brasil.
O uso do concreto nas torres de sustentação das enormes pás e dos aerogeradores fez surgir "fábricas volantes" nos parques eólicos. Os módulos são montados no próprio local, e quando o parque eólico é concluído a "fábrica" se muda para outra área.
Para conhecer o seu potencial de aproveitamento dos ventos na geração de energia elétrica, o Brasil precisa medi-los durante vários anos seguidos, e as primeiras usinas eólicas brasileiras ainda não completaram duas décadas. Por via das dúvidas, os investidores têm sido bem conservadores e geralmente projetam os seus negócios considerando uma probabilidade máxima de 50% de a intensidade esperada para os ventos na região escolhida se confirmar. Pelo ritmo atual de investimentos, o Brasil supostamente levaria mais 150 anos para aproveitar seu potencial de energia eólica.
A maior parte dos parques eólicos brasileiros fica hoje no litoral do Nordeste, especialmente nos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, em áreas pouco habitadas e quase sem uso pela agricultura. O Rio Grande do Sul aparece na terceira posição. Como o Nordeste é uma zona muito ensolarada, a presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Melo, acredita que em futuro próximo será possível combinar usinas movidas pelo vento com outras fotovoltaicas. O aproveitamento da energia solar ainda é muito caro, mas segue uma curva declinante que se assemelha à que ocorreu com a energia eólica no passado recente. O aproveitamento das duas formas de energia em um mesmo sítio serviria para torná-las mais competitivas.
Élbia sempre se dedicou profissionalmente ao setor elétrico, com passagem pelo governo. Ano passado enveredou pelo mundo novo da energia eólica, e estará agora à frente de um grande evento sobre o setor que será realizado no Rio, no fim deste mês.

O Globo, 20/08/2012, Economia, p. 16

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