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CARTA DOS PROFESSORES YANOMAMI AO MINISTRO

CCPY-Boletim Yanomami no. 38-Boa Vista-RR
11 de Jun de 2003

Senhor Ministro da Justiça
Márcio Thomaz Bastos.

Tradução para a Língua Portuguesa:
As lideranças Yanomami e nós, jovens Yanomami, fizemos esta carta. Nós Yanomami queremos ajudar nossos parentes Macuxi. Os que vivem aqui, em Roraima, não querem que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva faça a homologação das terras Macuxi. Por isso nós, Yanomami, ficamos muito tristes. Os que vivem em Roraima querem arrancar nossa floresta, por isso nós também falaremos em defesa deles.
Vocês, autoridades, devem fazer rapidamente a homologação das terras Macuxi. É a terra deles, por isso eles devem morar lá. Quando vocês, autoridades, preservarem as terras deles, nós, Yanomami, também ficaremos felizes. Quando isso ocorrer, nós, Yanomam,i e vocês, brancos, todos nós, viveremos bem e com saúde.
Nós, professores Yanomami, fizemos este documento.
Vocês, grandes homens, autoridades, devem ver este documento, vocês nos ajudarão. Quando nós vamos à cidade nós nos sentimos carentes, pois não temos documentos. Por isso, nós queremos nossas carteiras de identidade, nosso CPF. Nós queremos também poder fazer outros documentos, quando você ordenar o pessoal da Funai de Roraima e do Amazonas.
Você é um grande homem, uma autoridade, você é ministro, por isso, ordene.
No início nós pedimos documentos à Funai, mas eles não nos responderam. Por isso queremos pedir agora novamente a você. Agora você realmente nos ouve. Você é importante, se não nos ajudar, os documentos não surgirão. Se não tivermos documentos não conseguiremos nossos salários. Se você nos ajudar com os documentos, nós, professores Yanomami, ficaremos muito felizes. Quando você nos ajudar, nós lhe demonstraremos toda nossa amizade.
Há ainda outras palavras. Não nos esqueça. Vocês devem resguardar nossa floresta. Os garimpeiros ainda insistem em vir à nossa floresta. Há também fazendeiros. Vocês devem retirá-los rapidamente de nossas terras. Nós não os queremos, pois não desejamos voltar a sofrer com as grandes epidemias. Já foram feitas a demarcação e a homologação de nossa terra, mas há ainda fazendeiros que vivem dentro dela, no Ajarani. Garimpeiros ainda trabalham no alto do rio Catrimani (Wakathau). Há também garimpeiros em outros locais: Paapiu, Surucucu, Parafuri, Koniu, Ericó, Parimiu, Uraricuera, Baixo Mucajai, Baixo Catrimani, Maturacá (Amazonas), Yawaratau.

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