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Carta denuncia invasões garimpeiras e distribuição de armas aos yanomami

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
22 de Jul de 2005

Uma carta enviada ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, denuncia que os garimpeiros estão invadindo a reserva indígena Yanomami, no noroeste de Roraima, e fornecendo espingardas e munição para os índios como salvo-conduto para permanecer na região em busca de minérios como ouro, cassiterita, urânio e nióbio. Conforme o documento, o contato com os invasores também faz com que os Yanomami contraiam malária, gripe e doenças sexualmente transmissíveis. A atividade garimpeira compromete ainda a qualidade dos rios que abastecem as comunidades indígenas.
A carta, datada de 30 de junho, que é de autoria do Conselho do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami e Ye`kuana, relata estes problemas e afirma que a invasão do território Yanomami está fora de controle. A denúncia foi divulgada no site do Instituto Socioambiental - ISA (http://www.socioambiental.org).
Cópias da carta do Conselho foram entregues também à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, aos presidentes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além do Ministério Público Federal
O documento é assinado por 14 lideranças indígenas e outros membros do Conselho, que listam cinco pistas clandestinas no território indígena, demarcado e homologado há 13 anos. Outros oito pontos de garimpo estão identificados. "Não é difícil prever que estamos a caminho de uma situação de caos social e sanitário, como a vivida pelos Yanomami no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, quando, pelo menos, um quinto da população Yanomami morreu devido às doenças introduzidas pelos garimpeiros", afirma o texto do Conselho do DSEI.
Davi Kopenawa, uma das mais importantes lideranças Yanomami, afirma que as ações dos órgãos do Governo Federal não estão sendo suficientes para expulsar os garimpeiros, nem ao menos para intimidá-los. "Eles estão tão à vontade na região que chegam a pedir carona nos aviões da Fundação Nacional de Saúde para buscar mantimentos nas cidades e utilizam os rádios dos postos da Funai para pedir novas cargas de munição".
Davi afirmou que o chefe do posto da Funai na região do Alto Catrimani, conhecido como "Tonico", protege e esconde os garimpeiros em troca de ouro. "Nós queremos que a Funai seja amiga dos Yanomami, não dos garimpeiros".
Para o ISA, a assessoria de imprensa da Funai admite que a invasão da TI está deflagrada e que a principal medida proposta pelo órgão para combatê-la é regulamentar o poder de polícia de seus funcionários. Sobre a denúncia de participação de chefes de postos no esquema de garimpo, a assessoria da Funai disse que não pode se pronunciar, pois não foi notificada oficialmente.

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