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CARTA DE REPÚDIO **EXECUÇÃO SUMÁRIA DAS LIDERANÇAS TRUKÁ

Comissão de Professores Indígenas em Pernambuco -COPIPE - Aldeia Brejinho, Povo Pankará
10 de Jul de 2005

Nós, professores/as e lideranças indígenas em Pernambuco, reunidos/as no
XIII Encontrão da Comissão de Professores Indígenas de Pernambuco -
Copipe, no povo Pankará, vimos por meio desta carta, mostrar o nosso
protesto e repúdio ao assassinato do líder Truká Adenilson dos Santos e
seu filho Jorge Vieira de 16 anos.

Dena, liderança Truká, tinha uma fundamental atuação junto às ações
implementadas por seu povo na luta pelo território tradicional e a
exemplo de outras lideranças no Brasil, era perseguido, não só pelos
antigos posseiros da Ilha de Assunção, mas também pela Justiça, que
visando lhe incriminar para desmobilizar a luta pela terra dos Truká,
movia seguidos processos contra a sua pessoa. No entanto, não bastava
prender Dena, pois um dia ele iria voltar e continuaria seu trabalho
junto a sua comunidade. Dena tinha que desaparecer do seu povo
definitivamente. E assim se deu o plano para ceifar a vida de um grande
guerreiro que tanto lutou pela dignidade de seu povo.

A estratégia já estava armada há muito tempo, com um grupo de operações
especiais da polícia militar que deveria coibir o tráfico de drogas.
Aliado a isso, o projeto da transposição das águas do Rio São Francisco,
que trouxe o Ministro da Integração Nacional - V.Exa. Ciro Gomes - para
Ilha da Assunção e aí como quem quer retomar a colonização de há 500
anos atrás, constrói casas na ilha trazendo a falsa imagem do
desenvolvimento. Agora sim, o circo estava armado e todos podiam
depositar confiança no governo e na polícia, pois, todos estavam ali
para "proteger" o povo Truká.

Um povo alegre comemora o suposto desenvolvimento com festa. Momento e
local propicio para aqueles que deveriam proteger, e ao contrário, se
colocam a serviço dos invasores anti- indígenas e executam o plano de
execução sumária que já estava planejado há muito tempo.

Dena que saiu de sua casa para falar com o administrador da Funai, de
repente percebe que todo povo se alvoroça, entre eles muitas crianças e
velhos/as. São os policiais que à paisana, chegam de repente ao local da
festa, quatro membros, cada um com duas pistolas nas mãos, já atirando e
a procura do líder Truká que, ao se mostrar, foi alvejado por uma
enxurrada de tiros sem ouvir um único anúncio de prisão. Dena e seu
filho foram mortos e não tiveram a menor chance de se defender, nem
mesmo de receber socorro, pois até isso foram impedidos por este grupo
de extermínio, apelidados de policiais.

Nosso maior repúdio é o fato de que vidas humanas estão sendo ceifadas,
sem a menor chance de defesa, em nome de um desenvolvimento que não
chega para todos, apenas para um pequeno grupo de privilegiados, e o
Estado que deveria proteger, passa a ser o que executa as vidas, o que
determina quem, onde e quando deve morrer. Essa polícia que tem
demonstrado despreparo e alto índice de corrupção continua na rua,
ameaçando e pondo medo em cidadãos/as indefesos/as.

Nos sentimos totalmente desprotegidos, porém não vencidos e a luta dos
nossos povos falará mais alto e não será matando nossos guerreiros que a
luta pela terra irá parar, pois um guerreiro como Dena e seu filho
plantado, novos guerreiros surgirão e seremos milhões.

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