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Carne Legal chega até aos alimentos para cães

MPF - http://noticias.pgr.mpf.gov.br
16 de Mai de 2011

Campanha finalista do Greenbest promove matéria-prima que não gera desmatamento ou trabalho escravo

Para quem acha que a devastação ambiental e o trabalho escravo empregados nas fazendas ilegais de gado da Amazônia são problemas que só podem ser solucionados pelo poder público na região, a campanha Carne Legal mostrou que cidadãos de todo o país podem contribuir no combate a esses crimes ao optar por produtos feitos com matéria-prima de origem legal. Além da nossa alimentação e de sapatos, cintos, bolsas e outros itens, em um total de 49 segmentos industriais que dependem da pecuária para fabricar seus produtos, a carne legal pode ser utilizada até na alimentação dos animais de estimação.

Prova disso é a empresa Pet Delícia, localizada em Copacabana, Rio de Janeiro. Desde sua inauguração, em 2010, a empresa produz alimentos naturais cozidos para cães utilizando carne de origem comprovada. "Consultamos a lista disponível no site Carne Legal e vimos quais frigoríficos aceitavam as condições", explica Roberta Câmara, proprietária da Pet Delícia.

Segundo Roberta, muitos clientes conheceram a campanha Carne Legal na loja da Pet Delícia, e aprovaram. "Muitos adoram. Temos os fôlders da campanha na nossa loja e todos os clientes se interessam em saber do que se trata, se nós aderimos", relata.

Greenbest - A campanha Carne Legal, ação de comunicação do Ministério Público Federal (MPF) pela sustentabilidade na pecuária, é uma das finalistas do prêmio GreenBest, o primeiro concurso nacional para selecionar as empresas, produtos e projetos que mais contribuem para a sustentabilidade no país. A Carne Legal está entre as três iniciativas eleitas pelo júri acadêmico na categoria campanhas publicitárias. O resultado final será divulgado nesta terça-feira, 17 de maio.

Na votação do júri oficial, os concorrentes são avaliados nos quesitos iniciativa, inovação, sustentabilidade do negócio e/ou produto, impacto socioambiental e contribuição para o desenvolvimento da consciência e do mercado sustentável. Além da Carne Legal, entre as top três campanhas eleitas pelo júri estão as campanhas A Hora do Planeta, da WWF, e Xixi no Banho, da SOS Mata Atlântica.

A campanha - Lançada em junho de 2010, a campanha convida os consumidores a valorizar produtos de origem legal, ou seja, aqueles procedentes de propriedades rurais onde não ocorram desmatamento e trabalho escravo, entre outros crimes e irregularidades. O convite foi feito por meio de peças publicitárias para rádio e TV, cartazes, fôlderes e adesivos. A veiculação dos vídeos e dos spots foi inteiramente gratuita, apoiada por veículos de comunicação atentos à importância do tema.

Também foi lançado um site com informações em detalhes sobre a questão e um documentário em que são entrevistados produtores preocupados com a questão da sustentabilidade e que mudaram suas práticas em prol do meio ambiente e da responsabilidade social.

A iniciativa do MPF buscou inserir a preocupação no debate público. E a meta vem sendo atingida: após o lançamento da campanha, reportagens em jornais, TVs, rádios e sites e artigos publicados em blogs discutiram como aliar os interesses econômicos de produtores rurais, frigoríficos, empresários dos setores calçadista e do varejo, por exemplo, aos direitos dos cidadão a informações sobre os produtos comercializados, à preservação ambiental e à garantia de que as mercadorias que ele leva para casa não foram produzidas a partir de violações de direitos de outras pessoas.

Pelo site da campanha, professores e outros profissionais puderam solicitar cópias do documentário, dar sua opinião e ajudar a divulgar as informações, inclusive por meio da exibição do documentário em salas de aula e eventos em empresas e instituições públicas.

Cadastro ambiental ampliado 58 vezes - Antes da atuação do MPF, no Pará haviam apenas cerca de 900 propriedades rurais inscritas no cadastro ambiental rural do Estado. Com os acordos promovidos pela instituição e com a campanha Carne Legal, esse total chegou, em abril de 2011, a 52,1 mil propriedades registradas. Dados como esses serviram como base para que outros órgãos públicos e a imprensa apontassem a atuação do MPF como um dos fatores fundamentais para que a Amazônia Legal tivesse, em 2010, a menor área desmatada já registrada na história do país, desde que o monitoramento passou a ser feito via satélite, em 1988.

Os lançamento de iniciativas semelhantes em seguida ao lançamento da Carne Legal também provou a importância da discussão do tema. Frigoríficos que assinaram acordos com o MPF passaram a divulgar seus produtos dizendo que "nossa carne é legal". Os três maiores frigoríficos do Brasil deixaram de comprar bovinos de mais de 200 fazendas localizadas dentro de terras indígenas, unidades de conservação ou próximas a áreas recém-desmatadas no bioma Amazônia. A imprensa ressaltou que a medida foi motivada pela pressão da sociedade e campanha do MPF.

O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) anunciou uma consulta pública para elaboração do Regulamento de Critérios de Sustentabilidade para Processos Produtivos em Geral. O objetivo da iniciativa, pioneira, é estimular a indústria e o agronegócio a conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e o bem-estar social. O documento será dirigido a fabricantes e produtores rurais interessados em saber quais são os princípios, critérios e os indicadores que a indústria brasileira deve seguir para identificar se o processo produtivo é sustentável ou não.

Grandes empresas do comércio varejista anunciaram o lançamento de programas de rastreabilidade que permitem aos clientes identificar a procedência dos produtos. Na Feicorte, a maior feira indoor de pecuária do mundo, pela primeira vez foi criado um espaço de debates em torno da pecuária sustentável.

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