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Cana ameaça sítio de fósseis

OESP, Vida, p. A18
10 de Fev de 2010

Cana ameaça sítio de fósseis
MPF quer delimitar área de interesse paleontológico

Chico Siqueira
Especial para o Estado
Araçatuba

O Ministério Público Federal (MPF) deu prazo de cinco dias para que técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) visitem, cerquem e façam a segurança de sítios paleontológicos da região noroeste do Estado de São Paulo, que estão sendo ameaçados por plantações de cana-de-açúcar. O prazo foi dado pelo procurador da República de Jales, Thiago Lacerda Nobre, que abriu investigação para levantar os efeitos nocivos da monocultura da cana nessas áreas.

Os sítios ficam nos municípios de General Salgado, Auriflama e São João de Iracema, onde, em 2001, pesquisadores encontraram o crânio do Baurusuchus salgadoensis, um crocodilo que viveu há 90 milhões de anos na região e agora, reconstituído inteiramente, faz parte de um dos mais importantes acervos da paleontologia brasileira.

O mérito pela descoberta foi do estudante Clésio Felício, então com 13 anos. Há cerca de 20 anos, ele caminhava numa estrada de General Salgado quando encontrou um dente serrilhado: era a primeira peça do quebra-cabeça paleontológico que levou os cientistas à região.

PATRIMÔNIO

De acordo com Nobre, o cultivo da cana estaria colocando em risco os cemitérios de fósseis e comprometendo novas descobertas. Em alguns casos, as plantações estão a menos de 50 metros de distância dos cemitérios de fósseis.

Segundo os pesquisadores, o manejo do solo para preparação e plantio da cana e o tráfego de máquinas pesadas podem destruir os fósseis e mudar o trajeto das águas de chuva, causando erosões nos jazigos. "Além disso, há informações de que fósseis estariam sendo retirados por curiosos", disse.

Nobre também acionou as prefeituras dos três municípios para saber quais ações elas tomaram para proteger os sítios. "A proteção do patrimônio arqueológico deve ser feito pelas três esferas, União, Estado e municípios."

O procurador disse que se as medidas não forem tomadas dentro do prazo, pretende abrir inquérito civil. Segundo ele, as áreas, embora sejam particulares, podem ser desapropriadas ou tombadas para preservação do patrimônio arqueológico.

OESP, 10/02/2010, Vida, p. A18

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