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Campanha para salvar o Parque Nacional do Iguaçu

ISA - www.socioambiental.org
06 de Mar de 1998

Entidades ambientalistas lançam campanha contra invasores do Parque, e procuram dissuadir os turistas de visitar a área, enquanto o conflito persistir.

Um grupo de entidades ambientalistas está lançando uma campanha pedindo a regularização da situação do Parque Nacional do Iguaçu. Maltratado pelo descaso do Ibama e vítima de duas invasões que resultaram em depredação, desmatamento, caça predatória e outros abusos, o Parque tem sido palco de uma luta política, para a reabertura da estrada do Colono, que o corta no sentido norte/sul e liga as cidades de Medianeira e Capanema (PR). A estrada foi fechada em virtude dos danos ambientais que imprime à área protegida.

O documento lançado pelos ambientalistas, assinado pelas organizações: Coalizão Rios Verdes, Rede Mata Atlântica, Rede Nacional Pró Unidades de Conservação e Reserva da Biosfera, condena a impunidade com relação às lideranças que comandaram a primeira ocupação, denuncia a ineficácia do Ibama em proteger a área, já que é o responsável legal pela proteção integral do Parque. Condena, ainda, a atitude inócua da Polícia Federal, que teme um confronto com os invasores e se declara incapaz de resolver o conflito.

Com tudo isso há a eminência de que o Parque perca o título de Patrimônio da Humanidade, que havia sido conferido pela Unesco. Tentando salvar o Parque, os ambientalistas lançam mão de uma campanha visando persuadir o Ministro do Meio Ambiente Gustavo Krause a tomar medidas contra a invasão e tentando ainda dissuadir os turistas de visitarem o Parque. Para tanto as entidades se utilizam de duas cartas padrão: uma delas deverá ser enviada ao Ministro e a outra para divulgar a situação do Parque junto às agências de viagens nacionais e internacionais, alertando sobre os riscos de uma visita turística ao local.

A intenção é sensibilizar as autoridades para a gravidade do problema. Abaixo divulgamos as cartas na íntegra como sugestão àqueles que queiram aderir à campanha.

Para obter maiores informações, contatar a Rede Verde de Informações Ambientais: Rua Brigadeiro Franco, 549, 80430-210, Curitiba, PR; Fone/fax: (55) 041-222-9740; e-mail: rverde@bsi.com.br.

Modelo de carta ao Ministro Gustavo Krause
Excelentíssimo senhor Ministro Gustavo Krause, Ministro do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal Tel. (061) 322-78819 e 322-82239 Fax. (061) 226-7101 e-mail: gkrause@mma.gov.br

No ano em que se comemora os 456 anos da descoberta da magnífica paisagem das Cataratas do Iguaçu, hoje protegidas pelo Parque Nacional do Iguaçu, vimos encaminhar-lhe o seguinte:

No curto período de nove meses, o Parque Nacional do Iguaçu foi objeto de duas invasões, ditadas por razões de natureza exclusivamente eleitoreira. A segunda invasão, no início de janeiro, revelou dois fatos igualmente importantes: o primeiro, que o Ibama, responsável legal e politicamente pela proteção integral do Parque, não tomou qualquer medida no sentido de evitar novos atos de vandalismo, depois da primeira invasão, em junho do ano passado; segundo, que a impunidade das lideranças do movimento que conduziu a primeira invasão fortaleceu a crença de que o Parque Nacional do Iguaçu é um território onde a lei não vigora.

Consequentemente, dentro o Parque Nacional de Iguaçu - um dos mais antigos do Brasil e o último remanescente significativo da floresta pluvial subtropical em toda a Bacia do Prata - é possível promover uma invasão e lá permanecer, degradar o ambiente, destruir a floresta, operar uma balsa em situação irregular e até mesmo cobrar pedágio, numa área pública, sem sofrer qualquer constrangimento.

Ao longo das últimas semanas temos assistido a repetição das mesmas atitudes registradas na invasão de maio passado: o Ibama tem uma atitude tíbia, a Polícia Federal se declara incapaz de conter o movimento e as autoridades estaduais se omitem.

Diante disso, levamos a sua consideração os seguintes fatos:

1. em 1986, quando a estrada foi fechada por decisão da justiça, bastou apenas uma viatura policial para mantê-la fechada;
2. não existe nenhum policiamento na área invadida;
3. a balsa está operando sem qualquer licença;
4. os invasores têm feito constantes ameaças de atear fogo à mata;
5. existe determinação legal de manter a estrada fechada;
6. a Unesco está considerando seriamente a possibilidade de retirar do Parque Nacional de Iguaçu o título de Patrimônio da Humanidade porque o fechamento da estrada era condição explícita para tal;
7. o parque recebe, em média, 2.700 turistas por dia, desavisados dos problemas que estão ocorrendo.

É evidente a situação de grave desordem pública, colocando em risco todo o Parque e os turistas que nele ingressam. Por esta razão, solicitamos a imediata interdição total do parque, vetando qualquer visita enquanto não sejam tomadas medidas rigorosas para retirar os invasores, punir os responsáveis pela invasão e estabelecer medidas de segurança compatíveis com a importância desta unidade de conservação.

Assinado,

(nome)

Modelo de Carta para ser enviada às Agências e suplementos de Turismo dos jornais
Prezado(a) senhor(a)

O Parque Nacional do Iguaçu, que abriga a magnífica paisagem das Cataratas do Iguaçu, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, é hoje um parque em perigo. Centenas de pessoas invadiram o parque no início do mês de janeiro e estão forçando a abertura de uma estrada na área onde a floresta se apresenta mais preservada. A invasão do parque caracteriza uma situação de grave desordem porque:

1. não existe nenhum policiamento na área invadida;
2. a balsa que atravessa o rio, ao lado do parque, está operando sem qualquer licença ou fiscalização;
3. os invasores têm feito constantes ameaças de atear fogo à mata;
4. tem sido permitida a passagem de grandes caminhões, causando enormes danos à fauna e a flora, com risco de disseminação de pragas e doenças e de contaminação do ambiente por agrotóxicos, porque não há controle de carga;
5. existem fortes suspeitas de que a estrada esteja sendo usada para o tráfico de drogas.

Diante desta situação, a Unesco, que conferiu ao parque o título de Patrimônio da Humanidade, está considerando a possibilidade de retirá-lo.

Como o parque recebe, em média, 2.700 turistas por dia, consideramos importante avisá-los desta situação para que conheçam os riscos que podem enfrentar ao visitar uma área de conflito. Por isso, ambientalistas de todo o mundo começaram, no dia 23 de fevereiro, uma grande campanha internacional de orientação às agências de viagem, para que não enviem turistas ao Parque Nacional do Iguaçu enquanto os invasores não forem retirados e a estrada não for definitivamente fechada.

http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=973

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