OESP, Economia, p. B7
10 de Abr de 2015
Câmara aprova fim do sigilo em operações do BNDES
Aprovação da Medida Provisória 661 por 298 votos representa mais uma derrota do Palácio do Planalto
NIVALDO SOUZA - O Estado de S. Paulo
O Palácio do Planalto perdeu ontem mais uma votação na Câmara dos Deputados. O governo não conseguiu segurar sua base, o que fez com que o PSDB conseguisse aprovar emenda na Medida Provisória 661 autorizando o fim do sigilo nas operações de crédito do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A mudança autoriza a "disposição para quebrar o sigilo ou negar o caráter secreto das operações de apoio financeiro" do banco e suas subsidiárias. O PT orientou o voto pelo não, mas a base votou rachada. A emenda teve298votos a favor, 95 contra e quatro abstenções.
A autorização pode inclusive abrir os contratos da BNDESPar, por meio da qual o BNDES compra participação em empresas. Entre elas, o frigorífico JBS Friboi, cuja relação com o BNDES levou o Tribunal de Contas da União a dizer no ano passado que a instituição "obstruí a competência constitucional" da Corte de fiscalizar o uso do dinheiro público.
A Câmara não mexeu no conteúdo original da MP661, que é a autorização ao Tesouro Nacional para conceder um empréstimo de R$30 bilhões ao BNDES. O montante pode ser obtido pelo Tesouro no mercado com a emissão de títulos da dívida pública. O BNDES pagará o crédito corrigido pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP).
Cuba. A mudança na regra do BNDES foi elaborada pela bancada tucana com base em emenda apresentada pelo deputado Alfredo Kraefer(PSDB-PR), durante a tramitaçãodaMP661na comissão mista do Congresso.
O fim do sigilo havia sido rejeitado pelo relator da medida, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG).
O parlamentar tucano defendeu a abertura de dados citando o caso do financiamento do BNDES à construção do Porto de Mariel, em Cuba. As obras custaram US$ 957 milhões e receberam aporte de US$ 682 milhões do BNDES. "Trata-se, obviamente, de verdadeiro absurdo (o sigilo da operação), visto que os recursos utilizados pelo BNDES em suas operações são públicos", disse Kraefer.
O governo "cochilou" em outra emenda da oposição. Foi aprovada emenda do deputado Zé Silva (SD-MG) determinando que 2,5% de todo o financiamento realizado pelo BNDES a taxas subsidiadas deverá ser destinado à extensão rural - que envolve a disseminação de tecnologia no campo. A emenda foi aprovada por 198 deputados. Outros 150 votaram contra e um se absteve. O texto da MP 661 segue para o Senado, onde pode ter alterações no plenário.
A votação da MP teve uma polêmica provocada pelo deputado Silvio Costa (PSC-PE). Ele acusou Quintão de beneficiar uma empresa privada com um artigo. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDBRJ), resistiu a retirar o artigo, mas, no final, aceitou que os líderes firmassem acordo sobre o tema. Tratava-se do artigo sexto, no qual a União era autorizada a conceder um crédito de R$ 50 milhões "em favor de vítimas de incêndio ocorrido no Shopping Nova América", da empresa Ancar Ivanhoe.
O centro de compras do Rio foi atingido por incêndio que afetou 20% de suas dependências, em fevereiro, prejudicando 40 lojas. "É um dos maiores jabutis que já vi aqui", afirmou Costa. O empréstimo foi retirado da MP. Os deputados aprovaram também a emenda do governo permitindo a renegociação pelos caminhoneiros de dívidas contratadas no Finame e no Procaminhoneiro, conforme promessa do Planalto para encerrar a greve em março.
OESP, 10/04/2015, Economia, p. B7
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