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Caingangues presos em Chapecó

CB, Brasil, p.8
30 de Dez de 2005

Caingangues presos em Chapecó
Da redação

A Justiça de Santa Catarina negou o pedido de hábeas corpus para oito lideres indígenas caingangue, de Chapecó, que estão presos há três dias. Entre os detidos, estão os caciques Idalino Fernandes e Lauri Alves, das terras indígenas de Toldo Chimbangue e Toldo Pinhal, respectivamente. Ontem, o juiz de plantão em São Miguel do Oeste (SC) negou o pedido de liberdade. Os índios foram presos porque se negaram a desocupar uma área que está sub judice no estado por conta de uma disputa com fazendeiros.
A ordem de prisão, determinada pela juíza federal Elisângela Simon Caureo, baseou-se no depoimento dos ocupantes não índios da terra indígena Toldo Chimbangue e da Polícia Militar catarinense. No último dia 19, os índios fizeram uma manifestação para pressionar a Fundação Nacional do índio (Funai). A idéia era que o órgão federal desse continuidade ao processo de retirada dos ocupantes não índios das duas terras que vêm sendo reivindicadas pelos caingangues. No mesmo dia, após acordo com a justiça, os indígenas suspenderam a manifestação.
Três dias depois, durante uma audiência na Justiça Federal de Chapecó, na qual participaram os agricultores e seus advogados, líderes indígenas, representantes da Funai e a juíza, foi acordado que a Funai faria até 30 de abril de 2006 um novo levantamento dos valores das benfeitorias, como reivindicavam os agricultores, e que os indígenas aguardariam este novo prazo estabelecido.
No dia seguinte, a juíza determinou a prisão dos oito índios. Na decisão, Elisângela acolheu o pedido de uma "autoridade policial" que acusa o cacique Idalino de liderar a comunidade indígena no bloqueio do acesso à sede da fazenda Trintin, localizada nas terras disputadas. Já o cacique Lauri é acusado de formação de quadrilha. Isso porque ele teria liderado cerca de 80 índios na invasão da residência de um agricultor.
Segundo a acusação, os indígenas teriam roubado duas armas de fogo dos agricultores. 0 Conselho Indigenista Missionário (Cimi) sustenta que, nem Idalino, nem Lauri estavam no local quando teve início a manifestação. "Idalino estava na Funai regional de Chapecó e somente foi até o local ao ser informado da manifestação. Lauri não esteve presente no citado local em momento algum. As armas a que se refere a autoridade policial' foram tiradas das mãos dos agricultores pelos indígenas, que por elas estavam sendo ameaçados", diz o Cimi, em nota oficial.

CB, 30/12/2005, p. 8.

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