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Caingangues impedem que colonos façam colheita

Zero Hora - Porto Alegre- RS
19 de Abr de 2001

Grupo reivindica assentamento

Dezenas de índios caingangues impediram ontem, do início da manhã até as 15h30min, que um grupo de colonos fizesse a colheita de soja e de milho na antiga Granja Oriental, no distrito de Capão Bonito, em Salto do Jacuí, noroeste gaúcho. Os índios queimaram pneus e madeiras na única via de acesso a uma das lavouras dos agricultores, que são dissidentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e ocupam a área (de 823 hectares) desde 1999. A Brigada Militar acompanhou a movimentação, mas não registrou incidentes. Segundo o chefe da comunidade indígena, Abílio Padilha da Silva, as 58 famílias caingangues, acampadas na granja desde junho passado, protestaram para pedir o assentamento em outra área. Os índios querem a demarcação da área denominada Borboleta, nos municípios de Salto do Jacuí, Espumoso e Campos Borges, com mais de 48 mil hectares. A Granja Oriental, que pertencia ao Banco do Brasil, foi desapropriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no final do ano passado. Conforme um dos representantes dos colonos, Cleomar Toledo da Silva, 43 famílias estão instaladas no local.

CONTRAPONTO
O que diz Janio Guedes Silveira, superintendente do Incra no Estado: Temos um acordo com os índios e o governo estadual para adquirir uma área de 200 hectares na região, para assentar os caingangues. Estamos tentando resolver primeiro o problema dos índios, para depois regularizar a situação dos colonos na granja. O que diz Jaci Sbardelotto, administrador regional da Funai: A Funai solicitou à Associação Brasileira de Antropologia a indicação de um profissional para fazer um novo estudo étnico e antropológico desse grupo. Até que o estudo seja concluído, não podemos reconhecê-los como índios ou descendentes de caingangues nem discutir questões sobre assentamento e demarcação da área da Borboleta.

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