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Caiapós vendem óleo de castanha na Fiesp

FSP, Dinheiro, p. B15
14 de Dez de 2006

Caiapós vendem óleo de castanha na Fiesp
Tribo obtém certificação florestal e orgânica para buscar a sustentabilidade econômica de suas terras

Da redação

O templo do empresariado paulista -se não nacional- foi tomado ontem por índios caiapós da região amazônica. Lideranças de terras indígenas dessa etnia estiveram ontem na Fiesp, entidade que reúne as indústrias do Estado de São Paulo, à procura de parceiros interessados em seus produtos, em especial o óleo de castanha.
A missão, que incluiu reuniões com potenciais compradores na sede da entidade, na avenida Paulista, serviu ainda para que o líder da Terra Indígena do Baú, no sul do Pará, o cacique Koe-i Kayapó, recebesse de forma oficial uma certificação florestal e outra orgânica.
O primeiro documento atesta que a floresta de 1,5 milhão de hectares é manejada com respeito ao ambiente e repartição dos benefícios aos envolvidos, e o segundo, que a produção é livre de agrotóxicos.
"A certificação permitirá aos caiapós estabelecer relações comerciais mais sustentáveis, de longo prazo. Não adianta demarcar uma terra se ela não tiver viabilidade econômica para se manter", disse Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da Terra, oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que assessorou os índios para obter os atestados.
"Espero que [essa certificação] possa ajudar outras aldeias. Agradeço a quem puder nos ajudar", disse Koe-i Kayapó, em recado endereçado a empresários que estavam na platéia na sede da Fiesp.
A lamentar, da parte dos caiapós, só a ausência dos mesmos empresários em suas terras. "Para o índio é muito importante a palavra, o cara a cara. Da mesma forma como vêm aqui para fechar negócios, eles insistem que façam o mesmo em suas aldeias. Mas, até agora, nenhum empresário se dispôs a ir até lá", conta a indigenista Carmen Figueiredo, que participou, in loco, da adaptação dos caiapós aos procedimentos que permitiram as certificações.
(MARCELO SAKATE)

FSP, 14/12/2006, Dinheiro, p.B15

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