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Cacique Xukuru aponta provas contra rival

Diário de Pernambuco-Recife-PE
13 de Fev de 2003

Documentos podem revelar proteção a posseiros

O cacique dos índios xukurus, Marcos Luidson de Araújo, anunciou, ontem, que nove carteiras
de identificação com o logotipo da Funai foram encontradas na residência incendiada de
Expedito Alves, o Biá, líder de uma facção que se autodenomina Xukurus de Cimbres. Os
documentos, que trazem a suposta assinatura de Biá, seriam uma prova de que os contrários
à liderança de Marquinhos na reserva de Pesqueira estariam oferecendo proteção a pessoas
estranhas à aldeia, como posseiros e pistoleiros. "Ele queria formar uma pseudo-etnia,
aumentando o número de aliados com a entrega destas carteiras", denunciou Marquinhos.
Biá negou a denúncia, rebatendo que o material foi confeccionado pelo grupo do cacique, que
tem o apoio de entidades de direitos humanos. "Isso é uma armação. Não sou eu quem tem
computador para fazer uma coisa deste tipo", disse. As carteiras aparentam realmente terem
sido feitas em um programa de computador e trazem, como características, a identificação
Xukurus/Cimbres, a assinatura de Expedito Alves e a emissão feita pela Funai, já vinculada ao
Ministério da Justiça. "A carteira que ainda vale é a antiga, quando a Funai ainda era ligada ao
Ministério do Interior. Não conhecemos este modelo novo", afirmou Marquinhos.
O cacique disse que vai levar as carteiras para apresentar a denúncia em Brasília, durante a
audiência que pretende ter com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos e o secretário de
Direitos Humanos, Nilmário Miranda. Entre os beneficiados com os documentos estão
moradores de Cimbres que não são índios e deveriam se retirar, em breve, da aldeia indígena
após a liberação das indenizações.
material - O líder indígena disse que só ontem tomou conhecimento dos documentos falsos por
um grupo que veio da reserva de Pesqueira. O material teria sido encontrado dentro de uma
bolsa na casa de Biá, incendiada na noite de sexta-feira, depois que os partidários do cacique
revidaram o ataque a Marquinhos e dois índios foram assassinados.
Apontado como autor intelectual do atentado, Biá disseque Marquinhos vai ter que comprovar
todas as denúncias. "Quem tem 13 computadores é o grupo de Marquinhos, que poderia
confeccionar os documentos". O administrador substituto da Funai, Sérgio Barreto, afirmou
que pretende receber as carteiras apresentadas por Marquinhos para fazer uma perícia. "O
documento só pode ser emitido com a anuência do chefe do posto de Pesqueira". O delegado
Servilho Silva de Paiva, que estava lotado na Paraíba, vai assumir as investigações do
atentado a Marquinhos e dos assassinatos dos dois índios. O nome foi divulgado ontem pelo
superintendente da Polícia Federal, Wilson Damázio.

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