VOLTAR

Cachorros-vinagres são filmados no Parque Nacional das Emas

((o))eco - http://www.oeco.org.br/
03 de Nov de 2015

O biólogo Marcus Buononato teve uma tarde feliz no último dia 26 de outubro. Especialista em répteis, o pesquisador visitava o Parque Nacional das Emas, em Goiás, quando teve a grata surpresa de avistar (e filmar) uma matilha de cachorros-vinagres (Speothos venaticus) caminhando tranquilos pelo local.

Ele estava com um grupo de quatro pesquisadores que faziam hora para apreciar um outro fenômeno: a bioluminescência dos cupinzeiros. As larvas do vagalume Pyrearinus termitilluminans produzem e emitem uma luminosidade para atrair presas. O resultado é algo bonito de ver: milhares de pontos de luz fazem o cupinzeiro parecer uma árvore de natal.

Enquanto aguardava para observar os cupinzeiros iluminados, o grupo acabou flagrando a matilha de cachorros-vinagre. O vídeo de pouco mais que 2 minutos registra o momento em que os animais caminham em direção ao local onde estão os pesquisadores, param a cerca de 3 metros de Marcus, que está filmando a cena, e voltam pelo mesmo caminho. O grupo de especialistas era formado pelos biólogos Marcus Buononato e Carla Buononato, pelo ornitólogo Carl Albert Johansson, o botânico Gustavo Martinelli e a guia Karolyne Rodrigues Barbosa. Marcus filmou a cena agachado na vegetação e o restante ficou no carro, que estava desligado.

"Eles [os cachorros-vinagres] vieram percorrendo todo aquele caminho como se nada tivesse acontecendo. Todo mundo quieto. E teve um ponto que eles chegaram a uns 10 metros de mim, e eu começo a cochichar com o pessoal: 'eu não sei se eu fico ou se eu saio'. Porque [os cachorros-vinagres] são animais que têm uma mandíbula muito forte e eu não sabia se eles podiam me atacar. E de repente, eles chegaram assim a menos de três metros de mim, dão uma olhadinha, ameaçam sair da estrada duas vezes e retornam pelo mesmo caminho", narra Marcus.

Primeira vez

Esta foi a primeira vez que Marcus Buononato visitou o Parque Nacional das Emas, unidade de 132 mil hectares localizada bem na divisa entre Goiás e Mato Grosso do Sul. Antes do encontro com os cachorros-vinagres, os pesquisadores encontraram uma coral-verdadeira morta, provavelmente por ave de rapina.

O cachorro-vinagre (Speothos venaticus) é uma espécie de canídeo nativa das Américas Central e do Sul. No Brasil, sua distribuição original inclui toda a região amazônica, regiões Centrais e de Minas Gerais até Santa Catarina, mas a perda de habitat, acompanhada de doenças transmitidas por cães, tornaram a espécie rara de ser avistada e, portanto, pouco conhecida da maior parte da população.

A dificuldade de localizar o cachorro-vinagre na natureza faz com que a espécie seja pouco estudada. Apesar de pequeno -- o comprimento médio da cabeça e do corpo fica entre 57 e 75 cm -- ele consegue se alimentar de presas grandes, como capivaras ou emas, embora prefira crustáceos, aves, anfíbios, pequenos répteis e roedores. Isso porque possui uma mandíbula poderosa e tem o hábito de caçar em bando. Daí o receio do biólogo em continuar filmando em vez de se abrigar.

"O mais curioso é que eles [os cachorros -vinagres] não demostraram nenhum tipo de reação de medo a gente. E é uma coisa engraçada: ou eles estão acostumados ou o contrário, tiveram pouco contato com humanos", diz.

*Este texto foi atualizado no dia 06/11 para excluir duas afirmações incorretas: uma sobre a facilidade de observar o fenômeno da bioluminescência em noites de lua cheia, o que não é correto. A outra sobre a alegação de que foi a primeira vez que cachorros-vinagres foram avistados no Parque Nacional das Emas.

Assista o vídeo:
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=St28_UzEKp4

http://www.oeco.org.br/noticias/cachorros-vinagres-sao-filmados-no-parq…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.