VOLTAR

Bunge reforça a aposta no etanol

OESP, Economia, p. B15
09 de Abr de 2010

Bunge reforça a aposta no etanol
Dos investimentos programados para o Brasil, 80% vão para açúcar e álcool

Eduardo Magossi

A Bunge Brasil vai reforçar ainda mais seus investimentos no setor de açúcar e álcool do Brasil. Depois de adquirir o Grupo Moema por US$ 1,5 bilhão no início deste ano, a empresa estuda agora a compra da Usina Mandu, em Guaíra, no interior de São Paulo.
Além de buscar novas aquisições, a Bunge Brasil vai destinar mais US$ 750 milhões para seu crescimento orgânico no segmento sucroalcooleiro no País nos próximos anos. A informação é de Pedro Parente, novo presidente da empresa, em sua primeira entrevista desde que assumiu o cargo há 90 dias.
Segundo Parente, sua principal missão agora é realizar, até o final do semestre, a integração da Bunge Alimentos e da Bunge Fertilizantes, que atuavam como empresas separadas e agora foram unidas dentro da Bunge Brasil. "Apesar de trazerem o nome Bunge, são duas empresas de culturas diferentes e temos de lidar com todas as complexidades inerentes de um processo de integração", contou.
Na prática, da verba de US$ 2,8 bilhões de investimentos para o triênio 2010-2012 no Brasil, US$ 2,24 bilhões serão voltados para açúcar e etanol. Deste total, US$ 1,5 bilhão foi utilizado na compra do Grupo Moema. Os US$ 750 milhões restantes serão direcionados na expansão de atividades e não envolverão qualquer aquisição, segundo Parente.
Ranking. Com a aquisição do grupo Moema, a Bunge Brasil deve moer, na safra 2010/11, um volume de 21 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, para a produção de 1 milhão de toneladas de açúcar e 1 bilhão de litros de etanol. Com isso, atinge a terceira posição no ranking de maiores grupos em operação no País, atrás da Cosan e da Louis Dreyfus Commodities. "Nos próximos três anos, vamos elevar nossa capacidade de moagem para 30 milhões de toneladas."
As cinco usinas do Grupo Moema - Moema, Frutal, Itapagibe, Ouroeste e Guariroba - têm capacidade de moagem de 13,7 milhões de toneladas. As outras três usinas da Bunge Brasil processarão, juntas, 7,4 milhões de toneladas de cana em 2010/11, sendo 3,5 milhões de toneladas na Santa Juliana (MG); 1,4 milhão de toneladas em Monte Verde (MS); e 2,5 milhões de toneladas na usina de Pedro Afonso (TO), que iniciará suas operações em junho.
Nas usinas de Santa Juliana e Monte Verde, a japonesa Itochu possui 20% de participação acionária. "No prazo de três anos, com os investimentos, a expectativa é de que essas três usinas passem de uma moagem de 7,4 milhões de toneladas para 13,4 milhões de toneladas", informou.
Parente explica que as cinco usinas do Grupo Moema já foram totalmente integradas à unidade de negócio de Açúcar e Bioenergia da Bunge, uma das cinco criadas com a integração entre a Bunge Alimentos e Bunge Fertilizantes. Além da unidade Açúcar e Bioenergia, as demais são: Agribusiness; Alimentos e Ingredientes; Fertilizantes; e América Latina.
Recursos. Segundo Parente, o fato de grande parte dos recursos a serem investidos no País estarem destinados ao setor sucroalcooleiro não significa, no entanto, que a Bunge vai priorizar esse segmento. "Neste momento, o setor vai receber mais recursos porque é um segmento novo e em fase de maturação", afirmou. "Soja e fertilizantes manterão a importância dentro do projeto da Bunge Brasil."
Na soja, estão programados investimentos na ampliação do esmagamento em Rondonópolis (MT) e na transposição de cargas entre dois modais na região do Alto Araguaia. Esses investimentos totalizarão US$ 120 milhões. Parente lembra que o bom posicionamento da empresa no setor de esmagamento de soja levou a companhia a analisar a estreia na produção de biodiesel. "Acreditamos que esse mercado vai crescer nos próximos anos e poderá tornar-se um bom destino para o óleo de soja que produzimos", revelou.
O executivo também informou que a empresa manterá investimentos na distribuição e revenda de fertilizantes. "Agora que vendemos a parte extrativa (para a Vale), não teremos mais de escoar nossos próprios produtos e poderemos focar nas vendas", disse.

Álcool de cana atrai gigantes multinacionais

Eduardo Magossi

Ao dedicar 80% de seus investimentos do próximo triênio ao setor sucroalcooleiro, a Bunge Brasil segue o mesmo caminho de outras gigantes multinacionais ao marcar posição no nascente mercado mundial de etanol, onde a cana-de-açúcar brasileira está fazendo a diferença. O etanol de cana foi classificado como mais eficiente e mais limpo que o etanol produzido de milho e outros cereais, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e órgãos ambientais da União Europeia.
A possibilidade de entrar no gigante mercado americano de combustíveis renováveis está fazendo com que tradings e petroleiras contribuam de forma significativa para a consolidação do setor sucroalcooleiro do Brasil, de olho na expectativa de expansão no uso de etanol no mundo. A joint venture entre as gigantes Cosan e Shell é um exemplo disso. A integração das duas uniu a maior produtora de etanol de cana do mundo com a empresa com a maior rede de postos de combustíveis, elevando de forma significativa a capilaridade do etanol e reduzindo seus custos. A expectativa é que tradings como a Bunge e mais petroleiras participem desse processo.

OESP, 09/04/2010, Economia, p. B15

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.