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Brasil vai dobrar area com transgenicos

GM, Agribusiness, p.B12
20 de Jul de 2004

Brasil vai dobrar área com transgênicos

Lucia Kassai

São Paulo, 20 de Julho de 2004 - O Brasil poderá dobrar a área cultivada com soja transgênica na safra 2004/05. De acordo com a Associação Brasileira de Sementes (Abrasem), o plantio pode atingir 6,4 milhões de hectares, ou o equivalente a 30% da área projetada em 21,2 milhões de hectares. Em 2003/04, estima-se que a área ocupada com soja geneticamente modificada foi de 3 milhões de hectares.

"O plantio está proibido, mas os agricultores vão plantar soja transgênica, com ou sem medida provisória", diz Ywao Miyamoto, presidente da Abrasem.

A área cultivada proporcionaria uma produção entre 14,5 milhões e 17,5 milhões de toneladas. Os dados da Abrasem são baseados na oferta de 200 mil a 250 mil sacas de 50 quilos de sementes básicas. As sementes básicas são multiplicadas pelos produtores de sementes antes de irem a mercado. A oferta é composta por 23 variedades regionais que podem ser plantadas no cerrado (Centro-Oeste), Minas Gerais e Rio Grande do Sul, entre outros. "A oferta é bastante diversificada e atende todo o Brasil", diz Miyamoto.

Crescimento explosivo

A área cultivada com transgênicos em todo o mundo deve crescer entre 10% e 15% em 2004, ficando entre 74,5 milhões e 77,8 milhões de hectares. "A área deve continuar crescendo a uma taxa de dois dígitos", prevê Clive James, presidente do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (Isaaa, da sigla em inglês). "Somente nos EUA, as estimativas preliminares apontam para um aumento de 10% da área", diz. A Isaaa é uma organização sem fins lucrativos que defende a utilização da biotecnologia na agricultura.

O incremento de área continua a ser puxado pela soja. A oleaginosa ocupou 61% da área global de lavouras transgênicas, o equivalente a 41,4 milhões de hectares. O milho ocupa o segundo lugar, com 15,5 milhões de hectares, ou 23% da área mundial. A maior parte do milho transgênico é cultivado nos EUA.

A Isaaa estima que no ano de 2003 cerca de 55% dos 76 milhões de hectares cultivados com soja eram geneticamente modificados. Em 2002, a porcentagem era pouco menor, de 51%.

A organização calcula que em 2003 os OGMs criaram uma receita de US$ 4,5 bilhões, um crescimento de 12,5% em relação ao faturamento de US$ 4 bilhões apurado no ano anterior.

James, que participou do seminário Panorama Mundial dos Cultivos Transgênicos, na Fundação Getúlio Vargas, defendeu a biotecnologia como aliada das pequenas propriedades rurais na redução da pobreza. "Não sei se a redução da pobreza deveria ser o foco, uma vez que no Brasil as pequenas propriedades não plantam as culturas contempladas pelas pesquisas de transgenia, como milho ou soja", diz o professor José Maria da Silveira, professor da Universidade de Campinas (Unicamp). Silveira observou que as pequenas propriedades brasileiras, como em algumas regiões do Nordeste, dedicam-se à fruticultura ou à produção de flores para exportação.

Sinal verde para milho da Monsanto na EU

Bloomberg News

Bruxelas, 20 de Julho de 2004 - A Monsanto obteve aprovação da Comissão Européia (CE) para uma de suas variedades de milho geneticamnte modificado destinado à dieta animal como parte dos esforços da União Européia (UE) para abrandar as restrições aos alimentos biotecnológicos e a disputa comercial transatlântica.

A decisão tomada pelo braço executivo da UE representa o primeiro endosso de um produto biotecnológico da Monsanto em seis anos. A CE tenta acelerar as aprovações da União Européia de alimentos transgênicos, incluindo diversos desenvolvidos pela Monsanto, a maior produtora em um mercado global de safras biotecnológicas, que acumularam vendas de até US$ 4,75 bilhões no ano passado, segundo fontes do setor.

Muitas pendências
"Nós saudamos a decisão. É um passo encorajador", disse Daniel Rahier, diretor de assuntos industriais da Monsanto, em Bruxelas. Uma divisão entre os 25 países da UE em junho deu à CE poder para decidir sobre o produto, conhecido como NK603. A CE autorizou em maio a importação de um tipo de milho transgênico, dos Estados Unidos e de outras nações, produzido pela suíça Syngenta, uma das maiores fabricante de produtos químicos agrícolas do mundo. Essa foi a primeira vez que a região aprova um alimento biotecnológico desde 1998 e que também foi seguida por uma divisão entre os países da UE. Atualmente, mais de 30 solicitações continuam pendentes.

"Essa é uma grande vitória", disse Michael Judd, um analista da Greenwich Consultants, em Nova Jersey, Estados Unidos, que classifica as ações da Monsanto como "mantenha a posição". O tempo dirá quantos volumes serão importados, disse Judd. O Greenpeace, a ONG que fez lobby contra os alimentos biotecnológicos, informou que a CE ignorou as exigências dos consumidores.

"A maioria dos consumidores não quer organismos geneticamente modificados e os estados-membros não concordaram em conceder aprovação para eles", disse Eric Gall, um conselheiro do Greenpeace em Bruxelas, em uma nota.

"A CE desafia a democracia ao levar adiante essas aprovações para satisfazer o lobby biotecnológico e seus defensores norte-americanos", disse Gall. Mais de 60% dos cidadãos da UE provavelmente não consumirão esses alimentos com modificações genéticas, mesmo se as mercadorias forem mais baratas ou menos gordurosas, segundo uma pesquisa da UE entre cerca de 1 mil pessoas em cada país do então bloco de 15 países, publicada no ano passado.

"Em termos de potencial de mercado, a aprovação de ontem do uso do milho para ração é mais importante" do que a permissão para uso na alimentação humana, disse Rahier.

Briga na OMC

Os EUA, a Argentina e o Canadá, os três maiores produtores de sementes transgênicas, reclamaram à Organização Mundial de Comércio (OMC) contra as restrições da UE. As limitações afetam produtos que vão de grãos a tomates cujo material genético foi alterado para adicionar traços benéficos como resistência aos herbicidas, limitando o número no mercado da UE para 14 até a Syngenta e a Monsanto receberem autorização.

A UE concedeu aprovação desse tipo de milho para ração por dez anos. Não será necessário reabrir as exportações norte-americanas de milho à UE porque o produto é misturado com outras variedades de milho transgênico que ainda precisam obter o endosso. As exportações de milho dos EUA à UE vão principalmente à Espanha e Portugal.

GM, 20/07/2004, p.B12

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