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Brasil sera tema de feira de produtos organicos na Alemanha

OESP, Agricola, p.G3
23 de Fev de 2005

Brasil será tema de feira de produtos orgânicos na Alemanha
Maior evento do setor, Biofach começa hoje e terá 100 representantes brasileiros

O Brasil é o tema da edição deste ano da Biofach, a maior feira de orgânicos do mundo, que começa amanhã, em Nuremberg, na Alemanha, e vai até o dia 27. O presidente da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex), Juan Quirós, atribui a escolha do Brasil, o primeiro país em desenvolvimento a ser tema da feira e que concorreu com outros cinco, ao fato de o País estar se consolidando como um importante player no mercado de orgânicos, ao lado dos Estados Unidos, Alemanha, Austrália, Argentina e Canadá. A participação brasileira no mercado de orgânicos, no entanto, ainda é pequena: em 2004 o Brasil foi responsável por apenas US$ 100 milhões dos US$ 26,5 bilhões do mercado mundial.
"O Brasil tem potencial para se tornar líder deste mercado", diz Quirós, em referência à pauta diversificada de exportação, que vai de café, açúcar, frutas, geléias a cachaça, vinhos e castanha de caju. Segundo ele, a comercialização de orgânicos produzidos no País vem crescendo a taxas duas vezes maiores do que a média mundial e por isso a promoção dos produtos brasileiros na feira de Nuremberg, que reúne mais de 2 mil expositores de 60 países, é importante.

Em 2003 o Brasil participou da feira com 17 empresas e, em 2004, com 43. Neste ano 100 empresas brasileiras de pequeno e médio portes apresentarão novidades como camarão, óleos e tecidos produzidos sem produto químico. No ano passado, segundo a Apex, 700 contratos foram firmados com 14 países durante a feira, gerando R$ 15 milhões em negócios. "Neste ano a meta é o dobro", diz Quirós. O vice-presidente executivo da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, Thomas Timm, acrescenta que a Alemanha é o principal mercado de orgânicos, com taxas de crescimento de 15% ao ano.

A forte concorrência no mercado mundial de orgânicos levou o Brasil a focar três países para as promoções de exportação este ano. O primeiro é a Alemanha, principal mercado para orgânicos e porta de entrada dos produtos brasileiros na Europa. Depois vêm Japão e Estados Unidos.

PRODUTO FINAL

O grande desafio do setor brasileiro de orgânicos é ganhar mercado para produtos finais e não apenas para a matéria-prima. A Apex disse não ter números sobre a participação de produtos finais na pauta de exportação de orgânicos, mas admitiu que o porcentual "é baixo". O objetivo, de acordo com Quirós, é intensificar ações de promoção de produtos processados, utilizando cadeias de supermercados na Europa. O mercado de orgânicos é regido por um sistema internacional, mas cada país importador costuma impor regras adicionais para abrir seu mercado, o que para o Brasil soa muitas vezes como uma barreira não-tarifária.

O diretor-comercial da Agropalma, Marcello Brito, cuja empresa é a maior produtor de óleo de palma da América Latina e que destina 13% da área plantada para a produção de orgânicos, diz que, por causa das tarifas elevadas impostas pela União Européia, a Agropalma exporta apenas óleo bruto. "O mesmo não ocorre com os Estados Unidos, onde exportamos apenas produtos finais, como gordura para sorvete", conta. A empresa, que divide suas exportações entre Estados Unidos e União Européia, diz que seu foco este ano será o mercado americano.

SAIBA MAIS:

Câmara Brasil Alemanha, tel. (0--11) 5187-5213

Número de agricultores no setor ainda é pequeno

Jane Miklasevicius

A produtora Inês Hoffmann, que com o marido criou em 2001 a Tropovita, empresa comercializadora de produtos tropicais orgânicos, reclama da dificuldade de encontrar fornecedores da matéria-prima. Segundo ela, no Brasil, onde a agricultura familiar concentra a maior produção de orgânicos, há poucos produtores organizados, por isso a dificuldade em negociar preço. A estimativa é de que o custo de produção de orgânicos seja de 30% a 40% superior ao de produtos tradicionais.
Para a presidente da Associação Brasileira de Agricultura e Biodinâmica, Rachel Soraggi, a maior dificuldade é a falta de financiamento para o setor. "O IBD (Associação de Certificação Instituto Biodinâmico) é financiado por 30% dos produtores e empresas associadas. Os outros 70% são pequenos produtores que não têm recursos", diz.

Segundo a Apex, o Brasil é o segundo país em números de propriedades com lavouras orgânicas. São cerca de 19 mil agricultores, a maioria de agricultura familiar. Das 100 empresas brasileiras participantes da Biofach 2005, 79% são pequenas, 14% médias e 7% grandes. A produção de orgânicos ocupava, em 2003, 2.500 famílias, passando a 7 mil famílias em 2004. "Com o impacto da presença brasileira na Biofach 2005, devemos agregar um número ainda maior de famílias de pequenos agricultores a partir deste ano", diz Juan Quirós.

PARCERIAS

A Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) estará na Biofach com duas empresas desenvolvidas em sua Incubadora de Agronegócios: a Organic Life (comercializadora de café e arroz) e a Ecobrás (produtora de tofu). A Incubadora da SNA é a única focada no segmento de orgânicos. Com a iniciativa, a SNA pretende divulgar o trabalho e os produtos destes fabricantes no exterior, além de oferecer oportunidades para possíveis parcerias visando à conquista do mercado internacional de produtos sem agrotóxicos.

OESP, 23/02/2005, Agrícola, p.G3

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