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Brasil quer apoio de Gore sobre florestas

O Globo, Ciência e Vida, p. 46
18 de Out de 2006

Brasil quer apoio de Gore sobre florestas
Marina Silva espera que americano aJUde a defender plano em reunião global do clima

Tatiana Farah

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pediu ontem ao ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, que está em São Paulo para a entrega de um prêmio de ecologia, apoio na próxima reunião global sobre mudanças climáticas. Gore é um dos mais conhecidos militantes do mundo contra o aquecimento global. Dono da maior floresta tropical do planeta, o Brasil quer mais investimentos internacionais para protegê-la.

Além disso, o país enfrenta pressão de países como EUA para reduzir suas emissões de gases-estufa originários de queimadas.

Marina quer o apoio do político americano na 12ª. Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-12), que acontecerá de 6 a 17 de novembro, em Nairóbi, no Quênia.

No ano passado, segundo Marina Silva, o Brasil diminuiu em 30% a devastação das florestas.

A previsão do governo é que o país feche o ano com uma queda de 11% do desmatamento, sobretudo da floresta amazônica, devido ao aperfeiçoamento do controle de crimes ambientais, inclusive com o rastreamento da região via satélite. A ministra quer usar esse desempenho como argumento para reivindicar recursos para o Brasil, já que o desmatamento é o maior problema do país na emissão de gases poluentes.

- No ano passado conseguimos uma redução de 31 % (no desmatamento) e, este ano, tudo indica que teremos uma queda de 11 %. E isso é altamente relevante. Como o Brasil está fazendo o dever de casa, temos trabalhado numa proposta que estabelece um incentivo para os países que têm florestas tropicais e que consigam reduzir o desmatamentos - disse a ministra.

Al Gore, que lançou recentemente um filme sobre o impacto das mudanças climáticas, teve um encontro reservado com a ministra e assessores do ministério.

- Esperamos que Al Gore, que tem uma militância altamente respeitada em relação a essa causa, possa se tomar um aliado da proposta brasileira - disse ela, observando que o projeto está aberto a mudanças.

De acordo com a ministra, Al Gore não se posicionou sobre o apoio. Para a ministra, os países ricos devem investir recursos nas florestas tropicais para evitar que continuem a ser destruídas. No entanto, ela rejeitou com veemência a proposta de que grupos estrangeiros mantenham áreas de proteção na Amazônia. "Ela não está à venda", frisou Marina.

- A idéia do governo é exatamente que os países que têm dinheiro possam destinar recursos para um incentivo positivo aos países que reduziram desmatamento. Também queremos esvaziar o discurso daqueles que querem supostamente ajudar se dispondo a comprar terras na Amazônia - salientou, em alusão a uma proposta feita pelo Reino Unido de que terras na Amazônia possam ser vendidas a estrangeiros em troca de preservação.

O Globo, 18/10/2006, Ciência e Vida, p. 46

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