VOLTAR

Brasil pede ajuda para a Amazonia

OESP, Vida, p.A19
09 de Dez de 2005

Brasil pede ajuda para a Amazônia
Proposta apresentada no Canadá, em convenção sobre mudanças climáticas, fala em apoio internacional para conservação da floresta
Herton Escobar
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, lançou ontem oficialmente a proposta brasileira de apoio financeiro internacional para a preservação da Amazônia, como forma de reduzir as emissões de gases do efeito estufa provenientes do desmatamento. Em discurso na 11ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 11), em Montreal, Marina cobrou a adoção de "incentivos positivos para os países em desenvolvimento que comprovarem seus esforços de conservação das florestas". Algo que, segundo ela, o Brasil já está fazendo.
"O valor das emissões de gases de efeito estufa decorrentes do desmatamento já é, hoje, significativo o suficiente para que nos debrucemos sobre esse problema", disse Marina. "Isso implica, por parte da comunidade internacional, o reconhecimento de que a conservação das florestas tropicais é importante para o equilíbrio climático do planeta. Por isso, em adição aos esforços que os países em desenvolvimento já têm promovido, é necessário que se avaliem mecanismos pelos quais esses países possam ser incentivados à adoção de medidas nesse sentido."
Quais seriam esses mecanismos e como eles funcionariam é algo que precisará ser negociado. A idéia do Brasil, a princípio, era pôr o tema na pauta de negociações da convenção - que, por enquanto, valoriza apenas projetos de reflorestamento, mas não de manutenção da floresta em pé. "Se você derrubar uma floresta e plantar pinus no lugar dela, consegue ser remunerado. Mas, se mantiver a floresta em pé, não", disse ao Estado o secretário-executivo do ministério, Claudio Langone. A proposta brasileira se soma às da Papua-Nova Guiné e Costa Rica, que lideram o movimento pela compensação dos serviços ambientais prestados pelas florestas - entre eles, a estabilização do clima.
"As florestas da Amazônia contribuem para refrescar o clima e produzir chuva em várias partes do mundo", diz o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, Virgílio Viana, em artigo enviado ao Estado. "Os esforços feitos por produtores rurais e governos para combater o desmatamento e promover a conservação florestal têm custos e os benefícios destes esforços beneficiam todos os países do planeta. Não é justo que os beneficiários não contribuam com parte dos custos da conservação das florestas."
Cerca de 75% das emissões brasileiras de dióxido de carbono (CO2), principal gás do efeito estufa, são provenientes do desmatamento na Amazônia. O gás é estocado pela vegetação no processo de fotossíntese e acaba liberado para a atmosfera quando essa vegetação é cortada ou queimada. Evitar o desmatamento, portanto, seria a maneira mais eficaz de reduzir a contribuição brasileira para o aquecimento do planeta.
SEM AVANÇO
A COP 11 deve terminar hoje tendo aprovado, definitivamente, as regras para o funcionamento do Protocolo de Kyoto, mas sem nenhum avanço na inclusão dos Estados Unidos nas negociações de metas para o segundo período do tratado, que começa em 2012. Os americanos se mantiveram irredutíveis em sua posição de não aceitar nenhuma meta compulsória de redução de emissões. O país é responsável por cerca de 25% do dióxido de carbono lançado na atmosfera.
OESP, 09/12/2005, p. A19

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.