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Brasil mantém posição no IDH

OESP, Vida, p. A18
05 de Out de 2009

Brasil mantém posição no IDH
País teve mais pontos no ranking do desenvolvimento humano, mas continua atrás de Argentina, Chile e Cuba

O Brasil conquistou mais pontos na nova lista do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2009 e se manteve na categoria de "desenvolvimento humano elevado". Com índice de 0,813, ocupa a 75ª posição e não é mais o lanterna desse grupo de países. Em 2008, o IDH era de 0,807. Na América Latina, permanece atrás de Chile, Argentina, Uruguai, Cuba, México, Venezuela e Panamá.

Publicada hoje com o relatório Ultrapassar Barreiras, Mobilidade e desenvolvimento humanos (mais informações nesta pág.), a lista deste ano traz uma nova categoria, a de países de IDH muito elevado. Ela agrega nações com índice superior a 0,900 - o IDH máximo é 1. Os três primeiros lugares no IDH são Noruega, Austrália e Islândia. A França, na 8ª posição, voltou a entrar nos 10 primeiros classificados depois de se ausentar do grupo por um ano. Também estão presentes nesse grupo Estados Unidos, Canadá, Suécia, Japão, Finlândia, Dinamarca, Espanha, Reino Unido, Israel, Coreia do Sul, Kuwait e Emirados Árabes.

O IDH é calculado anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e serve de indicador para o bem-estar humano. Neste ano, foi ampliado de 179 para 182 países. No entanto, não captura os efeitos da crise econômica mundial, uma vez que os dados internacionalmente comparáveis são apenas de 2007.

ANTES DA CRISE

"O progresso tem sido muito irregular. Muitos países testemunharam retrocessos nas últimas décadas por causa das retrações econômicas, crises induzidas por conflitos e epidemias de aids. E tudo isto antes de se sentir o impacto da atual crise financeira mundial", anotou Jeni Klugman, principal autora do relatório.

Cinco países subiram três ou mais posições no ranking na comparação com a lista anterior: China, Colômbia, França, Peru e Venezuela. Aumentos de renda da população e da esperança média de vida foram os principais fatores. No caso de China, Colômbia e Venezuela, progressos na educação também contribuíram para a melhor colocação. Entre os países de IDH baixo, ocupado por uma maioria de países africanos, as três piores colocações estão Níger, Afeganistão e Serra Leoa.

O relatório sublinha as discrepâncias na desigualdade entre os dois extremos. Enquanto uma criança do Níger, último colocado no IDH, tem expectativa de vida de 50 anos, uma da Noruega, que ocupa o primeiro posto, pode esperar chegar aos 80. Para cada US$ 1 ganho por um trabalhador do Níger, o seu colega norueguês receberá US$ 85. Nos países mais desenvolvidos, a renda per capita supera os US$ 37 mil, ante US$ 1 mil dos menos desenvolvidos.

Ao longo das décadas, o Pnud tem registrado avanços robustos em termos de desenvolvimento humano, destacando-se China, Irã e Nepal. Nesses países, educação e saúde tiveram peso maior do que a renda para a melhoria do índice.

Cálculo do índice

O Pnud, instituição da Organização das Nações Unidas voltada para o desenvolvimento, calcula o IDH a partir do Produto Interno Bruto per capita, longevidade (expectativa de vida) e educação (índice de analfabetismo e taxa de matrícula dos estudantes). Esses três indicadores têm o mesmo peso no índice, que varia de zero a um. Representantes do Pnud alertam que é comum haver mudanças na lista de IDH, uma vez que os números são atualizados periodicamente. Isso explica o fato de o Brasil estar agora na 75ª posição com índice melhor do que no IDH do ano passado, quando apareceu na 70ª colocação, mas com menos pontos.

Migração reforça economia, diz relatório

Os migrantes estimulam a produtividade econômica dos países e dão a eles mais do que recebem. Essa é uma das conclusões do Relatório de Desenvolvimento Humano 2009, produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) - que procura desfazer os mitos a respeito da migração. O documento defende que permitir a migração, tanto interna quanto para fora das fronteiras nacionais, é um fator de liberdade e de melhoria das condições de vida no mundo.

Intitulado Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos, o relatório afirma que a maioria dos migrantes no mundo desloca-se dentro dos limites de seu próprio país, e não para o exterior.

Esses migrantes internos somam hoje, segundo a entidade, 740 milhões de pessoas: quase quatro vezes mais o número de migrantes internacionais.

Mais Investimentos

A principal conclusão apontada pelas Nações Unidas é que o fluxo migratório, ao contrário do que se costuma imaginar, aumenta o emprego junto à comunidade que o acolhe, não expulsa a população nativa do mercado de trabalho e ainda melhora as taxas de investimento em novos negócios e iniciativas.

Entre os migrantes internacionais - que têm sido alvo de políticas restritivas por parte dos governos, em especial na Europa -, o relatório registra que menos de 30% deles deslocam-se de países em desenvolvimento para países desenvolvidos. Apenas 3% dos africanos, por exemplo, vivem atualmente fora do país onde nasceram.

"A migração pode ser uma força positiva, contribuindo significativamente para o desenvolvimento humano", resume a administradora do Pnud, Helen Clark. "Mas para apreendermos os seus benefícios", alerta a pesquisadora, "é necessário haver um ambiente político que a apoie, tal como sugere este relatório".

Curiosamente, um dos exemplos negativos citados pelo Pnud ocorreu no Brasil: a construção da barragem de Tucuruí, no Pará, que provocou o deslocamento de 25 a 30 mil pessoas, a maioria pertencente aos grupos indígenas Parakanã, Asurini e Parkatejê. O Pnud afirma que a mudança "alterou significativamente o estilo de vida" dessas populações, empurradas para áreas "sem a necessária infraestrutura".

OESP, 05/10/2009, Vida, p. A18

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