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Brasil entra para grupo de elite dos transgenicos

GM, Agribusiness, p.B12
09 de Dez de 2004

Brasil entra para grupo de elite dos transgênicos.
Mesmo sem ter definido as regras do jogo, País aparece entre os cinco maiores produtores de OGMs do mundo. A Lei de Biossegurança ainda nem saiu do Congresso, mas o contrabando de sementes transgênicas de soja e algodão e a ousadia de alguns agricultores está fazendo com que o Brasil já desponte como um dos líderes no cultivo e pesquisas de organismos geneticamente modificados (OGMs) em todo o mundo. A avaliação faz parte de um relatório desenvolvido pela Universidade de Minnesota. Nele, Brasil, juntamente com Estados Unidos, Argentina, Canadá e China são considerados os líderes quando o assunto é transgênicos.
"O Brasil tem um potencial de crescimento muito grande. Apesar de a soja transgênica já ser cultivada há alguns anos, ela ainda tem um espaço grande para crescer juntamente com a cultura de algodão, que já ocupa seus primeiros hectares", afirma Ford Runge, diretor do Centro para Política Internacional de Alimentação e Agricultura da Universidade de Minnesota.
Valor das lavouras
Na safra 2003/04, o valor das lavouras transgênicas ao redor do mundo é estimado em US$ 44 bilhões, sendo que o Brasil ocupa a quinta colocação no ranking mundial, com uma fatia de 3,64% desse valor, com US$ 1,6 bilhão. Os EUA ocupam a primeira posição, com um valor de US$ 27,5 bilhões, seguidos pela Argentina com US$ 8,9 bilhões, China com US$ 3,9 bilhões e Canadá com US$ 2 bilhões. "Juntos, os cinco países representam 98% do valor mundial das lavouras transgênicas", diz Runge.
Na próxima década, na medida em que mais países em desenvolvimento aprovarem o cultivo de culturas transgênicas, as estimativas indicam que o valor global das lavouras geneticamente modificadas aumentará em quase cinco vezes, atingindo US$ 210 bilhões.
Menos de uma década depois da primeira colheita de lavouras transgênicas no planeta, o estudo indica que existem 18 países cultivando plantas geneticamente modificadas e outros 45 com trabalhos de pesquisa e desenvolvimento nessa área. "A adoção de técnicas de cultivo de organismos geneticamente modificados já ganhou proporções globais e irá continuar se disseminando nos próximos anos", afirma o pesquisador americano.
Os principais avanços na área de pesquisa e desenvolvimento estão acontecendo nos países de economia em evolução. Segundo o relatório, na Ásia, a China tem investindo centenas de milhares de dólares todos os anos em pesquisa para atender seu grande e crescente mercado consumidor. Na Índia, existem pelo menos 20 instituições envolvidas em pesquisa e desenvolvimento de culturas transgênicas. O estudo indica que a adoção destas culturas, nos países em desenvolvimento, poderá elevar o Produto Interno Bruto (PIB) dessas nações em 2%.
"Na América Latina, a Argentina e o Brasil são os principais países a influenciar os demais a impulsionar o crescimento. No continente africano, a África do Sul tem todas as condições para ser a principal potência em organismos modificados do continente", afirma.
Apesar do avanços conseguidos e do potencial de crescimento que os transgênicos ainda têm no mundo, a oposição da Europa tem recebido atenção especial. "Se a União Européia continuar a restringir a atividade no setor, a difusão global terá seu ritmo reduzido, mas não poderá ser detida. Porém, se os europeus adotarem a biotecnologia haverá um rápido estímulo à difusão e adoção internacional", diz Runge.
As tendências para o cultivo de organismos geneticamente modificados para os próximos dez anos são positivas, na avaliação do pesquisador. Em sua opinião, a expansão das lavouras transgênicas continuará em ascensão dado o avanço e o desenvolvimento das tecnologias. "Existe uma expectativa de crescimento significativo na Ásia, América Latina e África. Nos países dessas regiões, no entanto, a expansão ficará limitada ao tamanhos dos investimentos a serem realizados, da regulamentação do cultivo e da assistência técnica fornecida", afirma Runge, ao lembrar que a América do Norte, o Leste Europeu, China, Brasil, Argentina, África do Sul, Austrália e Índia serão os principais centros de influência para o desenvolvimento das lavouras modificadas.
Cresce área cultivada
De acordo com o último relatório do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (Isaaa), em 2003, houve um crescimento de 15% na área mundial plantada com transgênicos, representando 67,7 milhões de hectares.
O Isaaa aponta que a soja continua sendo a cultura transgênica mais plantada em todo o mundo, com um aumento de 13% de área plantada e alcançando a marca de 41,4 milhões de hectares – 55% da soja mundial. A adoção de novas variedades em alguns países levaram ao maior crescimento de área plantada com milho, cerca de 25%, atingindo um total de 15,5 milhões de hectares – 11% do total. Quanto ao algodão, o Isaaa aponta um crescimento de 6%, em um total de 7,2 milhões de hectares (21% da área mundial de algodão).

GM, 09/12/2004, p. B12

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