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Brasil e efeito estufa

FSP, Opinião, p. A2
11 de Dez de 2004

Brasil e efeito estufa

O governo brasileiro finalmente divulgou o inventário de emissões de gases-estufa, responsáveis pelo aquecimento anormal da atmosfera do planeta. Considerados fatores não-energéticos, o Brasil salta da confortável posição de 19o maior emissor para a de quinto, perdendo apenas para os EUA, a China, a Rússia e o Japão.
A contribuição brasileira para o efeito estufa vem principalmente através do desmatamento. Enquanto a queima de combustíveis fósseis produz a emissão anual de 236.505 toneladas de CO2, o principal gás-estufa, as queimadas e o desmatamento são responsáveis por 776.331 toneladas do gás. Outro fator ponderável é a agropecuária, que responde por 10.161 das 13.173 toneladas de gás metano (CH4) liberadas para a atmosfera. Por bizarro que pareça, a maior parte do metano surge da flatulência do gado bovino.
Esses dados não causam surpresa. Ninguém ignorava a devastação nas florestas do Brasil e o fato de o rebanho bovino reunir em torno de 200 milhões de cabeças. Há informações mesmo de que o relatório estava pronto desde o governo anterior. As duas administrações teriam evitado divulgá-lo até que isso não fosse mais possível. A próxima entrada em vigor do Protocolo de Kyoto (tratado internacional para tentar conter a mudança climática) tornou sua publicação inevitável, sob pena de desonrar compromissos assumidos.
A nova posição do Brasil como emissor de gases-estufa deverá colocar o país como foco de pressões na próxima fase do esforço de redução do efeito estufa. O Protocolo de Kyoto vai até 2012. Nele, nações em desenvolvimento foram isentadas de reduzir suas emissões. É pouco provável que os países desenvolvidos não queiram rever essa assimetria num eventual próximo acordo.
O Brasil, portanto, deve estar preparado para dar sua contribuição. Independentemente do Protocolo de Kyoto, é do interesse do país enfrentar o problema das queimadas e do desmatamento, além de formular estratégias de desenvolvimento para a Amazônia que respeitem princípios de preservação ambiental.

FSP, 11/12/2004, Opinião, p. A2

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