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Brasil e Bolívia ligam área ambiental

FSP
25 de Mai de 2001

Corredor do tamanho de SP reunirá 51 reservas e áreas indígenas.
Brasil e Bolívia formalizam hoje, em Costa Marques (700 km de Porto Velho), a implementação do primeiro Corredor Ecológico Binacional, nas bacias dos rios Guaporé-Mamoré e Itenez.O presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Hamilton Casara, deverá assinar a portaria e nomear a comissão responsável durante o Seminário de Gestão Socioambiental.Com 23 milhões de hectares (o tamanho do Estado de São Paulo), o corredor ligará 51 áreas de proteção -30 em Rondônia e 21 na Bolívia. Só em território brasileiro, são 17 unidades de proteção integral e desenvolvimento sustentável e 13 terras indígenas.O corredor faz parte do projeto Corredores Ecológicos, do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama. O acordo ocorreu após a "Decisão de Lima", assinada em 1998 pelos ministros do Meio Ambiente dos países da América Latina, buscando investimentos conjuntos em conservação ambiental.O financiamento inicial é do Banco Mundial, mas Ibama, governo de Rondônia e prefeituras do Estado também participam.Está prevista ainda a criação de outros três corredores binacionais dentro da Amazônia legal, nas fronteiras com Peru, Colômbia, Venezuela e Guianas."Queremos formar um conjunto de áreas protegidas e conectadas. Já começamos a discutir com as comunidades os planos de manejo para o uso de recursos renováveis da região", afirmou o biólogo Moacir Bueno de Arruda, coordenador do projeto.Na bacia do Guaporé-Mamoré/Itenez há seis áreas prioritárias de conservação da Amazônia, formadas por floresta úmida tropical, florestas úmidas do sudoeste do Amazonas, de Rondônia e de Mato Grosso, pântanos e florestas de galeria de Beni (Bolívia).Segundo Arruda, o corredor protegerá a parte brasileira da bacia do rio Amazonas e de sub-bacias com grande diversidade de peixes, além de parcelas significativas da fauna aquática, de quelônios (tartarugas, por exemplo) e de jacarés. "Nos rios Guaporé e Itenez estão catalogadas 174 espécies de peixe com grande valor comercial, além de 27 espécies de aves raras da Amazônia."DesmatamentoPara o WWF-Brasil (Fundo Mundial para a Natureza), organização não-governamental que desenvolve trabalhos de conservação ambiental e que elaborou estudos na região do corredor, Rondônia está inserido em uma das mais importantes e mais desmatadas ecorregiões."A atual taxa de desmatamento das regiões tropicais excede 70 mil km2 por ano, causada principalmente pela formação de pastagens para criação de gado, expansão da agricultura e exploração de recursos minerais", disse o técnico em conservação do WWF-Brasil, Leandro Valle Ferreira.Segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Econômicas), a média de desflorestamento bruto na Amazônia foi de 0,56% entre 1999 e 2000 -equivalente a 19.836 km2. Pelo levantamento, o nível de desmatamento pode aumentar 14,5 vezes nas áreas em que não existem políticas de conservação ambiental.
(-Folha de São Paulo - São Paulo - SP-25/05/01)

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