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Brasil devolverá 1.600 toneladas de lixo enviadas para cá pelo Reino Unido

O Globo, O País, p. 12
24 de Jul de 2009

Brasil devolverá 1.600 toneladas de lixo enviadas para cá pelo Reino Unido
Carga chegou ao país de navio; três homens são presos na Inglaterra

Soraya Aggege

O presidente Lula determinou ontem a devolução, para o Reino Unido, das 1.600 toneladas de lixo enviado pelos britânicos ao Brasil, que estão armazenadas em contêineres no Porto de Santos. Lula rebateu duramente as críticas de países ricos ao "trabalho desumano" nas plantações de cana de açúcar no Brasil, que prejudicam a exportação de etanol brasileiro.

- Eles (países ricos), que são tão limpos e que querem despoluir tanto, mandam para cá contêineres de lixo dizendo que é para reciclar. Mas quem vai reciclar uma camisinha? Quem vai reciclar lixo hospitalar, pegar uma seringa, reciclar e aplicar de novo? - disse Lula, em discurso na abertura da Bio Brazil Fair, a feira internacional de produtos orgânicos, em São Paulo.

De acordo com o presidente, o país só tem uma saída: - Devolver os contêineres, porque queremos importar outras coisas, não lixo. Não queremos exportar o nosso lixo, não vamos importar o dos outros.

Na Inglaterra, a agência ambiental britânica prendeu ontem três homens na cidade de Swindon, acusados de enviar o lixo para o Brasil. Em nota, a agência disse que o nome das pessoas não pode ser divulgado. A prisão foi feita por funcionários da divisão de crime ambiental, com ajuda da polícia do condado de Wiltshire, onde fica Swindon.

Origem da carga de lixo está sendo investigada No comunicado, a agência ambiental afirmou estar trabalhando com as autoridades brasileiras para investigar a origem dos 99 contêineres de lixo, "que foram supostamente exportados ilegalmente para o Brasil". As transportadoras teriam concordado em levar de volta a carga para a Inglaterra.

Os contêineres chegaram aos portos de Rio Grande (RS) e Santos (SP) sob a fachada de polímero de etileno para reciclagem.

Lula cobrou do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que sejam realizadas investigações da Polícia Federal, do Ibama e do Ministério Público.

Ontem, Minc vistoriou os contêineres em Santos, e disse que o material será reembarcado e devolvido ao porto de origem em dez dias. Segundo ele, as seis empresas envolvidas na importação, o consolidador, o responsável pelo carregamento e os compradores da carga foram autuados por crime ambiental e multados em R$ 2,5 milhões.

Lula usou a exportação irregular dos dejetos como contraponto às críticas de países ricos, que, segundo ele, fazem campanha afirmando que a Amazônia está sendo invadida pela cana de açúcar e criticam o etanol brasileiro pelo emprego de trabalho escravo na produção da cana. Minc afirmou que vai cobrar dos países desenvolvidos, que costumam ter um discurso de salvação do planeta, a proibição dessas práticas.
Colaborou: Wagner Gomes

O Globo, 24/07/2009, O País, p. 12

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